31 de maio de 2016

UPA e Santa Casa: não tem como funcionar em sintonia?

Escrito por: Badiinho Filho/Fonte: Jornal O Catalão 

Fotos: Reprodução

upa__(2)-720x0

Acontece amanhã à inauguração da tão polêmica Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o que causou uma grande repercussão após ser anunciada redução de verba que hoje é repassada para os serviços de Pronto Atendimento da Santa Casa de Catalão.

O Jornal O Catalão trouxe uma matéria que traz os dois lados, tanto o lado do executivo quando lado da direção da Santa Casa de Catalão que você confere abaixo;

UPA: a informação do executivo

sebba coletiva
“Prefeito de Catalão, Jardel Sebba”

O novo Pronto Socorro da cidade de Catalão será na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que será inaugurada amanhã, dia 1º de junho. A obra que demorou três anos para ficar pronta, consumiu, segundo informações do município, cerca de R$ 4 milhões, sendo R$ 1,4 milhão com recursos do governo federal e o restante da prefeitura (R$ 2, 6 milhões). A UPA será equipada com raio-X, respirador, eletrocardiograma, laboratório de exames e leitos de observação. A unidade contará com sete leitos masculinos, sete femininos, sete para pediatria e dois para isolamento.

  A equipe médica será composta por 18 profissionais que vão intercalar os plantões, sendo três clínicos (24 horas por dia), além das especialidades e ortopedia (24 horas por dia), e contando ainda com a cobertura na área cardiológica. A UPA de Catalão será a única com três clínicos para atendimento à população, enquanto o Ministério da Saúde preconiza apenas um para o funcionamento da unidade.

Segundo o prefeito a ideia é desafogar o atendimento de urgências emergências da Santa Casa.

A Santa casa recebe mensalmente cerca de R$ 620 mil por mês da prefeitura e o primeiro anúncio é que após a inauguração da UPA seriam repassados apenas R$ 200 mil para aquela entidade.

“Nós vamos é repactuar… O repasse de Urgência e Emergência, a maior parte, eu vou passar para aUPA… Eu não tenho dinheiro e nem legalidade para pagar duas unidades para fazer o mesmo serviço… A Santa Casa terá até R$ 200 mil reais todos os meses para que ela mantenha o serviço de Emergência também, em sintonia com a UPA… Acho que está havendo um mal entendimento. A Santa Casa não vai precisar fechar, não precisa de ter essa preocupação que estão tendo”. Assim disse o prefeito Jardel Sebba (PSDB).

 Além dos 200 mil por mês para o serviço de Emergência que será destinado pela prefeitura de Catalão, a Santa Casa ainda continuará a receber cerca de R$ 380 mil por mês para internação (Dinheiro do Ministério da Saúde, Governo Federal, para todas as Santas Casas do país fazerem os seus investimentos diversos. Esse dinheiro não pode ser direcionado no pagamento de médicos).  São apenas cerca de 40 Santas Casas do país, inclusive a de Catalão, que tem esse direito de repasse do governo federal. A Santa Casa de Catalão tem hoje 238 funcionários.

O pensamento da Provedora: Dra. Elaine Texeira

13334647_1542748136030147_214694183_o
“Dra. Elaine Rosa Teixeira, provedora da Santa Casa de Catalão”

“A Santa Casa de Catalão não recebe verba nenhuma do estado e da prefeitura, ela recebe o que ela produz e o contrato via unidade de urgência e emergência”. Dra. Elaine Teixeira, provedora da Santa Casa.

A provedora da Santa Casa de Catalão, Dra. Elaine Texeira, em entrevista à imprensa disse que o assunto convocado não era sobre a UPA e sim sobre o possível fechamento do atendimento de Urgência e Emergência do Pronto Socorro da Santa Casa de Catalão, já que não teria condições de fazer o atendimento com o repasse estimado/retirado, da prefeitura. “A UPA vem acrescentar. A UPA sem retaguarda não tem como funcionar”, disse Dra. Elaine. Para isso precisa pagar esses profissionais, como clínicos, pediatras, cardiologistas, ortopedistas, etc.

Citou como exemplo uma pessoa que com uma fratura exposta, seria assim atendida no primeiro momento na UPA e depois encaminhada para Goiânia, assim como os demais casos de Neurologia, Cardiologia e Ortopedia. A Upa não faz cirurgia de grande porte e de média complexidade.

Urgência e Emergência é responsabilidade do município e com o documento, sem assinatura recebido pela provedora, com os valores explícitos não há como funcionar esse atendimento. Seriam R$ 119 mil para pagamento dos médicos (não contempla médico ortopedista) e cerca de R$ 80 mil para as outras despesas. “O prefeito diz que a Santa Casa não vai fechar, mas quem vai bancar”? É o que questiona Dra. Elaine.

Ela afirma que já tentou antecipar a discussão para evitar um problema maior, como o que se desenha. “Em fevereiro entregamos um documento com os outros assuntos que queríamos discutir com o prefeito e o secretário de saúde. Ele pediu uma semana para analisar e até hoje não fez essa reunião”, disse ela.

Sobre a distribuição de recursos da saúde, como quer o prefeito, Dra. Elaine questionou:

“Agradeço as gestões dos prefeitos anteriores que garantiram o funcionamento da Santa Casa”… Pergunte hoje quanto é repasse para o Materno Infantil?”

Pelos cálculos da unidade, são gastos R$ 431 mil para o pagamento de 50 profissionais da área da saúde que atuam no Pronto Socorro e mais R$ 174 mil para a sua manutenção.

No dia 20, após a manifestação pela cidade, a provedora da Santa Casa Dr. Elaine Teixeira, o secretário de saúde Clayton Peixoto e o promotor Dr. Cláudio Braga tentaram uma reunião de conciliação. A provedora acha que o diálogo começou a melhorar, mas ainda insuficiente. O secretário disse que aumentou mais R$ 50 mil é que o limite doravante 80% dos serviços prestados pela Santa Casa serão realizados pela UPA, o que não justifica repassar mais recursos.

“Não podemos esquecer que a Santa Casa tem uma estrutura de 60 anos de trabalho. Vamos torcer por um acordo que proteja a população. Sim a Santa Casa precisa de toda a população para poder proteger a possibilidade do atendimento emergencial. Vamos pedir a Deus para que se justiça ao carente e ele não tenha que estar em ambulâncias lutando pela vida e sim em um hospital que nunca interrompeu seus serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS)… Ninguém está descontente pela existência da UPA o que se questiona é a prefeitura retirar os subsídios  necessários para o funcionamento da retaguarda exigida para os pacientes graves. Sem subsídios não se pode trabalhar e sem a emergência da retaguarda será o caos”. Disse, Dra. Elaine Rosa Teixeira, médica provedora da Santa Casa de Catalão.