O ex-servidor comissionado da Diretoria de Comunicação Digital da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e ex-candidato a vereador pelo antigo PSL, Josemar Alencar Linhares de Oliveira, atraiu um empresário paulista do ramo de criptomoedas para uma emboscada. Ele tentou convencer a vítima a ir a baladas e até ao Arraiá da Alego (festa junina do parlamento), com o objetivo de facilitar um sequestro planejado para aquele mesmo dia.
O empresário recusou os convites para as noitadas e permaneceu no hotel, aguardando Josemar para uma reunião presencial na manhã seguinte. Em vez disso, o ex-servidor enviou dois homens para executarem o sequestro.
Leia também:
-Troca de tiros em Davinópolis: dupla morre após sequestrar e extorquir vítima via Pix
Sequestro armado e tentativa de extorsão
Segundo apuração do Diário de Goiás, um dos sequestradores estava escondido no porta-malas do carro. Outro entrou pela frente do hotel, e um terceiro aguardava em uma rodovia.
Porém, os criminosos falharam em obter a extorsão desejada. Pois, eles queriam acessar valores altos em criptomoedas, mas enfrentaram limitações técnicas dos bancos. Assim, o grupo conseguiu apenas um PIX de cerca de R$ 6 mil.
Durante o trajeto, o homem que saiu do porta-malas ameaçou a vítima com uma arma e a puxou pela roupa. As agressões físicas e psicológicas foram detalhadas no depoimento prestado à Polícia Civil.
Tentativa de abordagem policial impediu crime mais grave
Enquanto seguiam para fora de Goiânia, rumo a Bela Vista, os criminosos passaram próximo a uma barreira da Polícia Militar. Ao perceberem o risco de serem descobertos, abriram a porta do veículo e mandaram a vítima correr.
Essa ação da PM foi, segundo o delegado Murilo Leal, crucial para salvar a vida do empresário, já que os sequestradores poderiam eliminá-lo para ocultar o crime.
Confronto, mortes e fuga para os EUA
Após a denúncia feita pela vítima, os policiais localizaram o veículo e iniciaram uma perseguição. Durante o confronto, dois sequestradores foram mortos próximo a Catalão: Gabriel Pires de Lima e Thiago Oliveira Rocha. O terceiro criminoso segue foragido e ainda não foi identificado.
Enquanto isso, Josemar Alencar fugiu para Miami, nos Estados Unidos, na terça-feira (1º). No entanto, após um pedido de prisão, ele foi capturado dentro do avião na manhã de quinta-feira (4), ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília.
Versões conflitantes e investigação em andamento
Dessa forma, Josemar confessou o crime à Polícia Civil, afirmando que buscava o pagamento de uma dívida de meio milhão de reais em bitcoins. Ele alegou que a vítima havia deixado de concluir uma transação anterior.
Por outro lado, o empresário declarou à TV Anhanguera que desconfia de motivações maiores por trás do crime. “Ele agiu sozinho? Foi motivado por outra pessoa? Esse negócio é maior do que a gente pensa?”, questionou.
Além disso, o empresário relatou que conheceu Josemar acreditando se tratar de uma pessoa influente e respeitável, por conta dos contatos na Alego e com empresários de Goiás. Os dois discutiam negócios no setor de soluções financeiras com criptomoedas.
Exoneração e silêncio da defesa
Assim, apesar de Josemar ainda constar como servidor nas redes sociais, o presidente da Alego, deputado Bruno Peixoto, afirmou que ele foi exonerado assim que a denúncia do sequestro veio à tona.
A defesa do investigado ainda não se manifestou. Portanto, o espaço permanece aberto para o contraditório.