11 de setembro de 2013

Entrevista: Tenente Coronel Silvio Luiz Ribeiro

O entrevistado da vez é o comandante do 18º Batalhão de Polícia Militar, Tenente Coronel Silvio Luiz Ribeiro. O chefe do batalhão que abrange Catalão e as cidades de Campo Alegre, Davinópolis, Goiandira, Nova Aurora, Cumari, Anhanguera, Ouvidor e Três Ranchos, tratou de assunto como os constantes roubos a comercio e a veículos na região.

DSCF4538 “Em 2013, Catalão registrou apenas três homicídios. Numa cidade cuja população fica próximo dos 100 mil habitantes”

B.B: Primeiramente, vamos falar dos números de homicídios na cidade. Pelo tamanho de Catalão, o senhor acha que os números estão dentro da média?

S.L.R: Está abaixo do aceitável. Em 2013, Catalão registrou apenas três homicídios. Numa cidade cuja população fica próximo dos 100 mil habitantes, essa é uma média muito abaixo do esperado. Para se ter uma ideia, a cidade de Goiânia, que é umas dez vezes maior que a cidade de Catalão, apresenta uma média de 150 homicídios ao mês. Em seis meses, seria em torno de 900 homicídios. Consideramos que a Catalão tem aproximadamente 10% dessa população, se tivéssemos acompanharmos essa média, seria aceitável até dez homicídios nesse período.  

B.B: O que o senhor tem a dizer sobre os assaltos que tem acontecido aos comércios de Catalão?

S.L.R: O crime que mais acontece em Catalão é o roubo ao estabelecimento comercial. Na grande maioria dos casos, nos temos efetuado prisões. O grande problema da cidade são os infratores menores de idade. Os últimos marginais que prendemos praticando essa modalidade criminosa são menores de idade. Geralmente, dois menores estão envolvidos nos crimes. O alvo não são grandes estabelecimentos comerciais, mas sim pequenas lojas. Os crimes são cometidos, geralmente, no início da noite. Porém, também é um índice abaixo da média de outras cidades. Para se ter uma ideia, registramos durante todo o ano de 2013 menos de trinta roubos comerciais. É um índice muito baixo da média, mas que preocupa porque a maioria dos crimes é praticado por menores de idade e a maioria deles realiza os roubos sob efeito de entorpecentes. Nossa grande preocupação é que, no momento do roubo, alguém reaja ou que aconteça alguma coisa pior, como temos presenciado em cidades maiores, como Caldas Novas, Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis.

Durante o ano de 2013, foram executados apenas dois grandes roubos aqui em Catalão, sendo um numa joalheria que fica na José Marcelino e outro no Supermercado Reis. Os dois menores que praticaram o roubo na joalheria foram presos. Um é do entorno de Brasília e o outro, daqui de Catalão. Eles foram presos em flagrantes por tentarem praticar outro crime e hoje estão internados. O roubo do Supermercado Reis foi praticado por um assaltante da cidade de Caldas Novas que tinha uma namorada que era funcionaria do próprio supermercado. O Serviço de Inteligência da P2 investigou e quinze dias depois, tanto ele quanto a namorada foram presos. O autor desse assalto respondia por outros crimes, como o de homicídio na cidade de Caldas Novas, onde permanece preso. Ou seja, as pessoas envolvidas nos dois crimes de maior vulto nessa modalidade estão presas.

B.B: A que o senhor atribui os roubos a veículos de valor mais elevado como, por exemplo, a camionetes?

S.L.R: Estamos já há cinquenta dias sem nenhum roubo de veículo em Catalão porque foi feito um trabalho conjunto entre a regional da Polícia Civil e da Polícia Militar de Uberlândia/MG e de Catalão. Os veículos que estavam sendo roubados em Catalão estavam sendo levados para a cidade de Uberlândia e lá eram encaminhados ao Paraguai e à Bolívia, onde eram trocados por substâncias entorpecentes. Sabemos que Uberlândia é um grande centro distribuidor não só de mercadorias e serviços, mas também de drogas. Com o trabalho conjunto, foram realizadas mais de 20 prisões da quadrilha na cidade. Em Goiânia, o restante da quadrilha foi preso. Alguns membros dessa quadrilha já estavam presos aqui em Catalão porque ouve dois casos em que tentaram roubar camionetes e a PM tinha apreendido. A quadrilha foi desarticulada e estamos há cinquenta dias sem o registro de nenhum roubo de camionete aqui na cidade.

DSCF4536“A Constituição Federal, nossa lei maior, é a mais inteligente de todas que existe. Quando trata de segurança pública”

B.B: Qual sua mensagem para a comunidade que utiliza os serviços da PM do 18º Batalhão, “O Batalhão Pirapitinga”?

S.L.R: Eu falo sempre o seguinte: a Constituição Federal, nossa lei maior, é a mais inteligente de todas que existe,. Quando trata de segurança pública, ela determina, no artigo 144, que “Segurança Pública é dever do Estado e responsabilidade de todos”. Aprendi com a minha experiência como policial com mais de 25 anos de serviço que há uma grande desconfiança da população com o trabalho dos órgãos de segurança pública. Por outro lado, há uma grande desconfiança dos órgãos com a população. Com polícia e população agindo em campos diferentes, o serviço não é efetivo. Onde existe a interação ou  aproximação entre a comunidade e segurança, a população só tem a ganhar. Aqui em Catalão, o trabalho desenvolvido pela Polícia Militar tem sido eficiente, mas a participação da sociedade tem sido fundamental. A PM não tem como descobrir que em uma determinada residência em um bairro afastado esta funcionando uma boca de fumo, mas o vizinho que mora ali do lado, que vê toda a movimentação, tem o dever de comunicar o órgão de segurança pública. Quando isso acontece, aumenta a eficiência da Polícia Militar. A exemplo disso,  temos recapturado uma grande quantidade de foragidos da justiça das cidade de Uberlândia e Paracatu. São pessoas que praticam crimes lá, tem suas prisões decretadas, fogem da justiça de lá e vem para Catalão para praticar crimes aqui. Ao chegar aqui, aluga um imóvel para várias pessoas, e ficam lá. Gostaria de pedir à população que confie mais nos órgão de segurança pública e, principalmente, que ajudem, até porque a Polícia Militar não consegue estar presente em todos os locais em todos os momentos. Assim, saberemos onde devemos estar presente para que possamos reprimir o crime.