Com faturamento anual estimado em R$ 750 milhões e mais de 4,8 milhões de seguidores no Instagram, a WePink, marca de cosméticos da influenciadora Virgínia Fonseca, está no centro de uma ação judicial movida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) e pelo Procon Goiás. A Justiça concedeu uma decisão liminar determinando que a empresa ofereça atendimento humano aos consumidores, e não apenas automatizado. Além de proibir a realização de lives de vendas até nova ordem.
A medida foi tomada após o MP apontar supostas práticas abusivas. Por exemplo, propaganda enganosa, atraso e não entrega de produtos, dificuldades para reembolso e censura a críticas nas redes sociais.
Propaganda enganosa e práticas abusivas
De acordo com o promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva, a WePink utilizava uma estratégia de “flash sales” (promoções-relâmpago) divulgadas nas redes sociais, para criar um senso artificial de urgência e induzir compras impulsivas, explorando a confiança dos seguidores na influenciadora.
Além disso, consumidores relataram falta de entrega de produtos pagos, recusa de reembolso e péssimo atendimento pós-venda. O MP e o Procon pedem que a empresa seja condenada ao pagamento de indenização coletiva de R$ 5 milhões e uma indenização individual, com valor a ser definido pela Justiça.
120 mil reclamações e insatisfação nacional

O processo aponta que, somente em 2025, foram 30 mil reclamações registradas contra a WePink no site Reclame Aqui até a data da ação. Em 2024, foram 90 mil queixas, podendo chegar a 300 mil consumidores prejudicados, considerando os que não formalizaram reclamações.
No Procon Goiás, o órgão recebeu cerca de 340 denúncias contra a marca entre 2024 e 2025.
Em contrapartida, a empresa afirma ter melhorado seus processos e destaca a nota 8,1 e o índice de 93% de resolução no Reclame Aqui como prova da evolução no atendimento.
Censura e atendimento automatizado
Outro ponto destacado pelo MP é a censura aos consumidores nas redes sociais da marca, com exclusão de comentários negativos. A empresa também foi criticada por dificultar o contato com clientes, oferecendo apenas respostas automáticas por robôs.
Por isso, a Justiça determinou que a WePink implante um canal de atendimento humano, disponível por telefone e outros meios, para garantir que as demandas sejam devidamente tratadas.
Situação em Catalão (GO)

Segundo o assistente jurídico do Procon Municipal de Catalão, Rafael Carrijo, não há registros de reclamações sobre a loja física da WePink instalada no município. No entanto, seis reclamações foram registradas no último ano referentes a compras online feitas por consumidores catalanos, a maioria relacionadas a produtos não entregues.






