8 de novembro de 2021

“O quadro é delicado, delicado, mas não terminal”, disse Caiado sobre Iris Rezende

Caiado visita Iris em SP (Foto: Prefeitura de Goiânia)

Pouco antes de embarcar para o retorno a Goiânia, depois de viagem a São Paulo, onde visitou o ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende (MDB) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Vila Star nos últimos dois dias, o governador Ronaldo Caiado (DEM) deu detalhes sobre o estado de saúde do emedebista. “O quadro é delicado, delicado, mas não é terminal”, afirmou. 


Como é a situação hoje de Iris Rezende?

A Ludhimila (Hajjar, médica goiana responsável pelo tratamento) está acompanhando todos os dias, duas, três vezes por dia. Ele segue entubado. O oxigênio estava em uma faixa maior e ela deu uma diminuída, mas é uma situação ainda dentro de um estado clínico muito delicado. Vai depender como o pulmão dele vai suportar a partir de agora, qual será a resposta a partir de agora, qual será a resposta também dos demais órgãos. Não é fácil, 92 dias de internação. 


Havia uma preocupação grande da equipe médica com pneumonia. Ele tinha tido antes ou foi só agora?

Não é (problema) de pneumonia. É dificuldade mesmo de respirar, estava oxigenando mal. E tudo que se faz na vida é evitar necessidade de entubar de novo, mas chegou em um ponto em que teve de entubá-lo, porque já não estava mais com capacidade de o volume necessário de oxigênio. Agora é aguardar como ele vai responder a esse quadro. Ele perdeu muito peso, aí tem a perda da musculatura também, isso tudo não deixa de afetar. É um quadro delicado, delicado. 

 

Ele tem outras infecções? 

Não. Como ele não recuperou 100% da memória, e ele foi espoliado muito com esse problema do período todo que está internado, vai perdendo massa muscular, vai debilitando e dificulta a capacidade de se movimentar. Teve um período em que fez fisioterapia, mas depois teve um declínio. A gente não pode separar o quadro neurológico. O fator determinante, querendo ou não, foi neurológico. Foi a extensão da lesão (do AVC). Esperava-se uma recuperação mais rápida, mais isso afetou. Ao não ter essa recuperação mais rápida, ele foi sofrendo um processo de debilitação. A questão não é só o pulmão, que não está totalmente acometido. Um está respirando menos que o outro, mas a causa determinante não é apenas o pulmão. É uma falência mais generalizada, mais sistêmica. Há uma fragilidade. A gente começa a ver que o coração dele está suportando bem, temo de ver como vai evoluir a parte renal. Cada detalhezinho agora vai interferir. A parte renal não está filtrando bem. Ter conseguido reduzir o fluxo do oxigênio já foi um sinal positivo, mas também ele não teve mais hora alguma qualquer nível de consciência, está sedado. 

 

Qual foi essa redução de fluxo de oxigênio? 

Quando eu cheguei, ele estava com oferta de oxigênio de 90%, ontem já conseguiu diminuir para 75%. Então, já está oxigenando melhor com menos oxigênio ofertado. 

 

Sobre especulações de que o quadro seria irreversível. É correto dizer isso ou ele tem condições de se recuperar? 

É muito difícil bater o martelo sobre isso ou dizer que é totalmente irreversível. Até porque seria irreversível se tivesse já algo definido, como uma lesão definitiva, o que não tem. É uma situação em que é preciso ver quantos fatores podem agravar o quadro geral dele. Temos de avaliar como o rim dele vai funcionar agora. Talvez este seja o fato de maior preocupação no momento. 

 

E o que ele está tomando de medicamentos, além de sedativos, antibióticos?

Está tomando medicamentos mais de controle da parte respiratória. E a reposição alimentar, que é feita via sonda. Mas não tem assim uma medicação específica para infecção. Ele estava com secreção, isso foi a principal causa da entubação. Porque se houver evolução pode haver o processo de falência generalizada dos órgãos. Então a preocupação era essa. Ele saiu, e agora tem problema na parte renal. 

 

O que é o problema da parte renal?

É decorrência de todo o problema. Os rins vão sofrendo, vão ficando mais fragilizados. 

 

Ele sente dor?

Não, não. Está sedado. 

 

Quanto perdeu de peso?

Teve uma perda significativa de peso. Eu não saberia dizer quantos quilos, não sei mensurar. Mas é possível ver pelo braço, os ombros. 

 

A família foi chamada para ir a São Paulo? Vimos que a dona Iris de Araújo estava acompanhando à distância e postou que estava na UTI.

Não sei dizer. Desses detalhes não sei. Não falei com a dona Iris, só falei com a Ana Paula. 

 

A expectativa agora então é de como vai ser essa resposta principalmente na parte renal?

A expectativa é sobre como todos esses aspectos vão avançar. Como vai ser a parte de respiração, que está sendo controlada. Os aparelhos são os mais sofisticados que existem. Vão apontar as reações do pulmão a depender dos medicamentos. Aí tem toda uma estrutura que vai apontar como o rim está filtrando. Aí tem o controle cardiológico. Vamos vendo quais são os órgãos que vão ficando mais sensíveis e os que vão se recuperando. Teve a redução de oxigênio, que foi bem. E como a parte cardiológica e a parte renal vão sobreviver a isso? A avaliação é conjunta. Isso não tem como fazer prognóstico. É um quadro delicado. Fazer entubação nesta faixa, depois de 90 dias de UTI, o prognóstico é realmente de complicação daquilo que esperava um rendimento melhor dele quanto a esse tempo de recuperação. Mas não é um quadro terminal. 

 

Ele chegou a ter recuperação plena de consciência? Porque as informações eram de que, mesmo nos melhores dias, ele ainda tinha muita confusão, muita sonolência e dificuldades com troca de sono da noite pelo dia. 

As vezes em que estive com ele, nos momentos de conversa, ele tinha noção clara do que estava falando. Mas ele sentia um cansaço fora do comum e tinha sempre uma sonolência mais forte. Ele falava e daqui a pouco cochilava. Nunca foi fácil equilibrar a medicação dele pra que ele saísse da situação de não ter capacidade de organizar o dia e a noite. Nunca foi possível isso, pelo menos nas vezes que o visitei. Ou trocava ou ficava sonolento dia e noite. O AVC que ele teve foi muito complicado. Realmente as consequências não foram apenas do ato cirúrgico. Houve sequela do ponto de vista de impedir uma recuperação mais rápida. Ele tinha noções de momento, de local, de espaço, de quem estava ali, mas daí a pouco, ficava sonolento, não continuava a conversa mais. Isso ele oscilou muito. Agora dessa vez estava 100% sedado. 

O que sentiu nesta visita? Foi em tom de despedida?  

Eu me aproximei muito do Iris, né. Me identifiquei muito com ele, é uma pessoa por quem tenho um carinho muito especial. Eu gosto do Iris. Aprendi a gostar do Iris. Aquele jeito de ser, aquela paixão pelas coisas que faz, aquele jeitão dele, sempre gostei muito disso. Sempre me identifiquei muito com ele. Eu lutei muito para ver se …. (tem dificuldades de completar) É uma coisa que me chateia profundamente. Com toda essa experiência de vida, poderia nos auxiliar enormemente, não só como conselheiro, mas como um homem ativo. Ele não é um homem teórico, ele é um prático. Eu o visitei umas quatro vezes neste período e eu acompanhei diariamente, porque a Ludhmila é uma pessoa muito ligada a mim. A gente fica triste. É uma coisa que deixa a gente abatido, muito abatido, muito chateado. 

 

Publicado por: Badiinho Moisés/Entrevista concedida pelo governador Caiado para Fabiana Pulcineli, do Jornal O Popular.