13 de junho de 2020

ISENÇÃO DE ICMS POR 6 MESES, É A SAÍDA PARA EVITAR DEMISSÕES EM MASSA NA MITSUBISHI DE CATALÃO, AFIRMA PRESIDENTE DO SIMECAT EM ENTREVISTA AO BADIINHO

Com registro de queda na produção, montadora da Mitsubishi em Catalão, sinaliza demissões em massa nos próximos 48 dias. Foto: Reprodução

A montadora da Mitsubishi em Catalão, que já passou por fortes crises com demissões em massa nos anos de 2008, 2015 (cerca de 500) e em 2017 (cerca de 350), volta a sofrer nova crise, com a ameaça de se ter muitas demissões.

Diante desse rumores de uma possível demissão em massa que está a caminho na montadora de veículos instalada em Catalão, o que pode acontecer dentro desses próximos 48 dias, quando termina o prazo de estabilidade dos colaboradores, em acordo feito entre empresa e funcionários durante a crise da pandemia da Covid-19, o Badiinho esteve na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (SIMECAT), para entrevistar o presidente Carlos Albino, que detalhou a real situação da HPE, responsável pela montagem de veículos da marca japonesa no Brasil.

LEIA ABAIXO:

Em entrevista ao blogueiro Badiinho, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos Catalão (SIMECAT), Carlos Albino, disse que teve reunião com o prefeito Adib e pediu audiência com o Governador Ronaldo Caiado (DEM), e que está promovendo um abaixo assinado eletrônico. Foto: João Victor/Reprodução

Blog do Badiinho: O que está acontecendo na montadora da Mitsubishi?

Carlos Albino: “O sindicato reuniu com a Mitsubishi nos últimos meses, e foi até firmado um acordo. Durante a pandemia, a empresa ficou 67 dias com a produção parada, voltou a turma antes para entregar alguns carros que já tinham sido vendidos para governos, os quais foram feitos. A empresa retornou totalmente nesse mês, está operando, mas a estabilidade do acordo que nós fizemos são de 60 dias, e já se passaram 12 deles”.

Badiinho: qual é a preocupação?

Carlos Albino: “A preocupação do sindicato, é porque as negociações na mesa se encerraram. Nós tínhamos uma proposta para a empresa, que ela iria fazer mais 50% de redução de jornada, então, 50% dos salários dos trabalhadores seriam pagos pelo governo, e os outros 50% seriam pagos pela empresa, sendo três meses que a empresa teria direito na MP 936. A partir do quarto mês, seria por conta dos funcionários, abrindo mão o trabalhador de 30% do seu salário, sendo custeado pela empresa, os outros 70%. Essa transição, somando-se com os outros, dava um total de 4 meses, ou seja, seriam mais 4 meses de estabilidade para frente, dando garantias ao trabalhador de ficar até dezembro empregado”.

Blog do Badiinho: a empresa não aceitou essa negociação?

Carlos Albino: “Essa negociação ela não teve mais efeito, a Mitsubishi voltou atrás, não se consegue mais fazer essa negociação, sinalizando que irá esperar ver se o mercado reage, e caso aconteça uma reação do mercado, com certeza não haverá demissões”.


Blog do Badiinho: o senhor acredita em reação do mercado de imediato?

Carlos Albino: “Eu já sei, todos nós já sabemos, que o mercado não reage de um dia para o outro, ou seja, ele não irá reagir, sendo esse momento uma crise mundial, e temos além da crise de saúde, a crise econômica mundial. Então, hoje, afirmo que ninguém está procurando comprar carro, pois quem tem seu carro e queria trocá-lo, preferiu esperar um pouco mais, e assim, nós precisamos produzir carros para sobrevivermos. Então, vejo que a dificuldade é muito grande, pois imagina você, uma empresa do tamanho da Mitsubishi ficar 67 dias parada, sendo um problema de mercado muito grande que a empresa está passando, e para termos uma noção, bastamos consultar a quantidade de emplacamentos que foram feitos nesses últimos meses em nosso país”.

Blog do Badiinho: mas o que disse a montadora?

Carlos Albino: “Tentamos dialogar com a empresa, ela nos escutou, mas ela nos disse que não dá conta mais, e terá que aguardar esses 60 dias para ver como que o mercado reagirá.

Nós sabemos da intenção da Mitsubishi em lançar carros novos, e até estávamos sonhando com isso, inclusive já estão até sendo montados alguns para serem aprovados pelo Japão, e daí em diante a gente startar novos modelos e começar a vender mais. Porém, ela fez todo o investimento, mas, não vai ser possível termos um acréscimo de vendas, pois como falamos, estão sendo registradas quedas acentuadas, então está difícil para a Mitsubishi e está difícil para nós trabalhadores. Agora imagina você, num momento de crise desses, onde estamos preocupados com a saúde, com nossas famílias, com a economia, acontecer da pessoa perder o seu emprego? E já imaginou 500 pais de famílias desempregados em Catalão? Então, não podemos aceitar e ficarmos parados”.


Blog do Badiinho:
você esteve com o prefeito Adib Elias nessa semana, o que foi conversado nessa audiência?

Carlos Albino: “Isso mesmo, estivemos lá na quarta-feira (10), fomos muito bem recebidos pelo prefeito, e ele se mostrou muito sensibilizado com essa situação, afirmando ele, que caso isso aconteça (demissões em massa), quem mais irá sofrer será ele, o município, concordando ele (prefeito Adib) em ir atrás do governador Ronaldo Caiado. O prefeito ficou de confirmar uma reunião com Caiado na próxima semana, para estarmos conversando e discutindo, a possibilidade do Governo dar 6 meses de isenção fiscal de ICMS para a Mitsubishi, para que a empresa possa até dezembro, respirar nesse momento de caos, sem promover demissões, e esperamos até o fim do ano, uma reação positiva do mercado para que os empregos sejam mantidos”.


Blog do Badiinho: além dessa reunião, o que mais o SIMECAT irá fazer para mobilizar e tentar manter os empregos na montadora da Mitsubishi?

Carlos Albino: “Nós vamos, e inclusive será publicado ainda hoje (ontem – sexta-feira/12-06), um abaixo assinado digital, pois com as restrições sanitárias não podemos fazer aglomerações para colhermos assinaturas pessoalmente, e por isso, faremos esse abaixo assinado de forma digital. Aproveitando o espaço cedido por você Badiinho, já peço a todos que compartilhem, façam a suas assinaturas, e passem para os seus vizinhos, seus amigos, pois essa causa, ela é de interesse de todos catalanos. Vamos falar também com todas as igrejas, sendo católicas, evangélicas, falaremos também com todos os representantes de classes da nossa cidade, pois é uma grande preocupação nossa, e não podemos deixar isso acontecer, que é a Mitsubishi realizar demissões em uma grande quantidade”.

“Lembrando que o SIMECAT não pode fazer mais nada do que já anunciamos. Antes, quando anunciadas demissões em massa, o sindicato teria que participar das negociações, agora, as empresas não tem obrigação nenhuma de negociar com os sindicatos, apesar da Mitsubishi ter nos respeitado muito, ou seja, de ter vindo até nós, sentado na mesa, conversado, e nos dito, que a preocupação deles eram em não demitir, e sim tentar achar um caminho, e a primeiro momento até conseguimos, que foram os 60 dias de estabilidades dos empregados, porém, de agora para frente, a empresa não terá condições de fazer mais nada”.

ASSISTA A ENTREVISTA:

Observação: A entrevista com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (SIMECAT), foi realizada na tarde de ontem, sexta-feira, 12 de junho, na sede do órgão. Na entrevista, Carlos Albino, pediu para que as pessoas de Catalão e região, assinem o abaixo assinado eletrônico, para a tentativa de serem mantidos os empregos na montadora da Mitsubishi.

Clique no link e assine o abaixo assinado: eletrônico:https://avaaz.org/po/community_petitions/governador_do_estado_de_goiasronaldo_caiado_e_pref_diga_nao_as_demissoes_na_montadora_mitsubishi_em_catalaogo/details/

 

Escrito por: Badiinho Filho