13 de dezembro de 2021

Após perder 2 mil servidores, PM terá concurso em Goiás

Foto: Reprodução

Goiás terá concurso em 2022 para selecionar 3.336 policiais militares, civis, técnico-científico e bombeiros. A expectativa é que já no próximo ano parte dos aprovados sejam convocados , mas ainda há previsão de chamamento em 2023 e 2024. A Polícia Militar vai chamar, nos três anos, 1.670 aprovados, sendo a corporação com maior número de convocados no geral. Mas este número ainda é menor do que a perda que a corporação sofreu nos últimos dois anos. Desde 2018, a PM registrou menos 2,1 mil servidores (segundo dados do portal da transparência) na ativa por diversos motivos, desde morte, pedidos de afastamento ou que foram para a reserva.

A Polícia Civil perdeu 136 servidores neste mesmo período. Na conta de aposentados, a corporação registrou 91. Já o Corpo de Bombeiros registrou 271 pessoas a menos nos serviços da ativa, sendo 189 militares reformados a mais no ano de 2021 em comparação com 2018.

A associação dos Subtenentes e Sargentos do Estado de Goiás (Assego) ainda tem número maior dessa perda pessoal. Segundo a Assego, desde 2018, foram 2,8 mil baixas. A associação ainda aponta que 2021 será finalizado com pouco mais de 10 mil PMs, enquanto a legislação prevê pelo menos 30 mil, conforme estimativa populacional do Estado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 7,2 milhões. Desta forma, o concurso anunciado pelo Governo do Estado não seria, segundo a entidade, suficiente para suprir as demandas atuais.

Desde o início da pandemia do coronavírus (SARS-CoV-2), em março de 2020, pelo menos 40 PMs da ativa morreram em  decorrência das complicações da Covid-19. Em 2020, o ano fechou com 897 militares a menos e, em 2021, os números já chegam a 2 mil. “A Assego vem acompanhando a redução a redução drástica do efetivo e 2021 foi o ano com a maior quantidade de afastamento de policiais , que estão sendo transferidos para a reserva remunerada. Fecharemos o ano com quase 2 mil policiais militares que se aposentaram e as consequências se devem exatamente por algumas mudanças legislativas”, afirma o presidente da Assego, subtenente Luís Cláudio Coelho.

O presidente da associação destaca dois pontos: a Reforma da Previdência, que acabou com a promoção imediata e com o abono de permanência. “O abono de permanência era uma gratificação pequena, referente ao que o militar pagava com previdência, e isso trazia como incentivo permanecer, assim como a promoção imediata. Deveríamos ter, no mínimo, 30 mil PMs e estamos hoje com pouco mais de 10 mil. A Assego reafirma a necessidade veemente de o Estado de Goiás tomar uma providência para que haja uma oxigenação do efetivo da PM em pelo menos 5 mil homens em 2022. Senão, as perdas serão enormes”, acrescenta.

O governador do Estado, Ronaldo Caiado (DEM), anunciou a realização de oito concursos públicos a partir de 2022, com maior volume de vagas concentrado na Segurança Pública. A expectativa é de que o primeiro certame, previsto para maio, contrate 720 soldados e 150 oficiais da Polícia Militar. Para os militares, entretanto, o concurso não significará uma compensação à perda do efetivo. A Assego ressalta que a formação de um militar demora um ano, em tese, para que então ele possa servir à sociedade. Enquanto isso, alega que algumas cidades não possuem efetivo, como Adelândia, Córrego do Ouro, Buriti de Goiás e Santa Fé de Goiás.

O presidente da Assego teme pela demora. “Em 2022 lança concurso para 800 policiais militares e esses policiais só estarão à disposição da sociedade em 2023. Já perdemos 2 mil em 2021. Em 2022 isso deve se repetir. Quando chegarem os novos, a perda já será muito maior para nossa sociedade”, acredita o subtenente Cláudio.

Chamamento será em três etapas

O governo estadual confirmou a realização de concurso para a segurança pública  para o início de 2022. Serão três etapas, em 2022, 2023 e 2024. Para 2022, a previsão é chamar 870 policiais militares, 160 bombeiros, 470 policiais civis e 65 integrantes da polícia técnico-científica, totalizando 1.565 convocações. O impacto na folha de pagamento supera R$ 11 milhões.

Entre os primeiros contratados para a PM, está a previsão de 100 cadetes, 700 soldados combatentes, 20 soldados músicos e 50 tenentes (saúde). Para os Bombeiros, serão 20 tenentes médicos e odontólogos, 140 soldados de segunda classe e músicos. Para a Polícia Civil, em 2022 a previsão é chamar 100 escrivães, 350 agentes e 20 papiloscopistas. Já na Superintendência de Polícia Técnico-Científica (SPTC), serão chamados 20 auxiliares de autópsia, 10 peritos criminais e 35 médicos legistas.

Em 2023, o governo planeja convocar mais 500 policiais militares, 232 bombeiros, 394 policiais civis e 80 policiais técnico-científicos. A PM terá o ingresso de mais 500 soldados combatentes de segunda classe. Para o Corpo de Bombeiros, a previsão é chamar 12 médicos e odontólogos que ingressam com a patente de segundo tenente, 20 alunos oficiais e 200 soldados combatentes de segunda classe e músicos. Para a Polícia Civil, serão 44 delegados de polícia substitutos, 100 escrivães de terceira classe, 210 agentes de polícia de terceira classe e 40 papiloscopistas de terceira classe. Para a SPTC, 25 auxiliares de autópsia, 20 peritos criminais e 35 médicos legistas. O impacto financeiro em 2023 supera R$ 9 milhões.

 

Alunos

Para 2024, a PM vai chamar 300 soldados combatentes de segunda classe. Já o Corpo de Bombeiros chamará mais 200 soldados de segunda classe e mais 20 alunos oficiais. Não há previsão de convocação da PC neste ano. Mas a Polícia Técnico-Científica terá incremento no efetivos com mais 25 auxiliares de autópsia, 20 peritos criminais e 30 médicos legistas. O acréscimo na folha de pagamento, desta vez é de R$ 4,9 milhões mensais.

Mesmo com redução de tropas, crimes apresentam queda

A reportagem comparou o efetivo das tropas da PM, Polícia Civil e Bombeiros em novembro de 2018 e novembro deste ano. Neste período, o portal da transparência mostra que a diferença de pessoal na PM goiana foi de 2,1 mil homens a menos em 2021. Na comparação de policiais que foram para a reserva, houve aumento de 1,5 mil neste mesmo período. Já a redução na Polícia Civil foi bem melhor. Em novembro de 2018 o dado que constava no portal da transparência do Estado era de 3.773 e, neste ano, 3.637, com 136 pessoas a menos. O aumento entre os aposentados foi de 91. Entre os bombeiros, a perda de efetivo somou 271 entre 2018 e 2021. No mesmo período, 189 pessoas foram para a reserva.

Durante café da manhã com a imprensa na última semana, o governador Ronaldo Caiado (DEM) disse que, mesmo com o efetivo menor, as forças de segurança do estado conseguiram reduzir os índices de criminalidade. Ele destacou – no dia seguinte às mortes em Araçu (70 Km de Goiânia) de oito suspeitos de planejarem uma ação criminosa como “Novo Cangaço”, que seria praticada em Nova Crixás (377 Km de Goiânia) – que há muito tempo crimes como estes não registrados. Além disso, o chefe do Executivo destacou a queda dos índices de crimes letais, como homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte.

 

Publicado por: Badiinho Moisés/Informações do O Popular