4 de setembro de 2015

ENTREVISTA: Jean Carlos Arruda, delegado da Delegacia de Polícia Civil de Catalão

Escrito por: Badiinho Filho

Foto: Reprodução

Solicitado pelo Blog do Badiinho, muito receptivo o delegado Regional da 9ª Delegacia de Polícia Civil de Catalão, Doutor Jean Carlos Arruda atendeu nossa reportagem na última quinta-feira, 03, na sede da 9º DRPC. Na entrevista, os destaques foram para os 19 homicídios já registrados em nossa região e os casos complexos que não foram solucionados, sendo o da garota Iasmim Martins de Souza de apenas 08 anos de idade, que foi estuprada e violentamente assassinada no dia 09 de dezembro de 2013 e, o caso do Professor  Geovane Souza Costa, 47 anos de idade, o qual seu corpo foi encontrado em sua residência na Rua Posse no Bairro Nossa Senhora de Fátima, que após ter sido morto, sua casa foi incendiada pelo autor e o seu corpo ficando praticamente todo carbonizado.

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“Doutor Jean Carlos Arruda, responsável pela 9ª DRPC de Catalão”

Blog do Badiinho:  Doutor Jean, tem um total de 19 homicídios em nossa região, o senhor não considera este número um pouco alto?

Delegado Jean Carlos: Realmente são números que comprovam o crescimento geral da criminalidade em Catalão, em toda região e, em todo o país também. Tivemos ao longo de uma série histórica nestes últimos anos, Catalão estava com um média de 13, 14 homicídios ao logo de todo um ano, são números bem interessantes considerando a média mundial e o padrão estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) com relação ao grupo de 100 mil habitantes, que é aproximado ao número da população de Catalão. Claro que sabemos que para a família, para quem perde um ente querido em crimes bárbaros como em homicídios ou latrocínio, as estatísticas não interessam, mas a polícia precisa de números para direcionar os seus trabalhos. Temos percebido que de 2014 para cá, existe este aumento da criminalidade em geral e isso não é diferente ao crime de homicídio.

B.B: Destes 19 homicídios já ocorridos, quantos já foram resolvidos?

D.J.C: Em Catalão até agora foram registrados 15 homicídios, os quais, dos quinze, onze já foram esclarecidos e as autorias devidamente esclarecidas, os autores já foram repassados a justiça, sendo que a maioria deles já estão presos e a disposição do Poder Judiciário e, um ou outro que não estão presos é por entendimento da justiça que o cidadão possa estar respondendo em liberdade. Dos outros quatro homicídios das demais cidades da região, que  são os municípios de Davinópolis, Três Ranchos, Ouvidor, Goiandira, Cumari, Anhanguera e Nova Aurora, foram mais quatro ocorrências, as quais três delas já foram esclarecidas, restando apenas um fato ocorrido em Santo Antônio do Rio Verde que ainda não foi esclarecido. De toda a região aqui, que tenha a influência da cidade de Catalão, de 19 ocorrências a Polícia Civil já esclareceu 14 delas, lembrando que tivemos dois casos que foram prisões em flagrante pela Polícia Militar, que tudo vem a somar com os nossos números, apesar de que, os casos que ainda não foram solucionados, continuamos investigando e esperamos encerrar o ano com todos estes casos esclarecidos , porque a nossa média de solução de crimes aqui em Catalão, ela sempre está na média de 85% a 90% dos casos, consideramos estes números razoáveis e é claro que o ideal seria que estes crimes não ocorressem, mas não é isso o que acontece e a gente trabalha com a elucidação dos mesmos para repassar para a justiça os seus autores.

B.B: Ao longo desses últimos anos a sociedade de Catalão, assistiu através da imprensa local, três casos complexos. Sendo o primeiro caso da Priscila Brenda, este já solucionado e emitido ao Poder Judiciário, o segundo caso, sendo a garota Iasmim de 08 anos de idade, brutalmente estuprada e assassinada em dezembro de 2013 e o caso do Professor Geovane, morto em sua casa e seu corpo carbonizado em abril do ano passado, estes dois últimos casos ainda não foram solucionados, quais são as dificuldades da Polícia Civil em encontrar os autores destes dois crimes?

D.J.C: Olha, nestes casos específicos, sendo muito bem lembrado por você (Badiinho) do caso da jovem Priscila Brenda, do distrito de Pires Belo, apesar da grande complexidade do fato, foi possível identificar a autoria e remeter ao Poder Judiciário, onde lá se encontra aguardando julgamento. Esses outros dois casos, também são complexos e, no caso específico da criança (Iasmim) que foi assassinada, também já foram feitas diversas diligências, vários suspeitos foram detidos, foram coletados vários materiais de suspeitos, feitos exames de DNA, porque a possibilidade de fazer este tipo de prova e, infelizmente até agora não possível esclarecer a autoria destes dos fatos, inclusive também do latrocínio que envolveu o Professor Geovane no ano de 2014. De qualquer maneira estes dois casos não estão encerrados ainda, a gente continua investigando, continua trabalhando, para que o quanto antes sejam esclarecidos.

B.B: Caso Isamim, já vai completar dois anos, isso dificulta mais as investigações devido o desaparecimento de provas?

D.J.C: Todo o crime com o passar do tempo fica um pouco mais difícil elucidar a autoria, por uma série de circunstâncias que a história do Direito Penal nos ensina. Esse caso específico, temos uma questão que é possível, pois encontrando o suspeito, a pessoa que praticou aquele crime, é possível realizar o exame de DNA, porque foi coletado o material do autor junto ao corpo da vítima, de maneira que este material está guardado no Instituto Médico Legal de Goiânia e assim que tiver o suspeito para fazer o exame, será feito e, que dará a certeza aproximada de 100%. Então o que realmente falta é localizar, identificar esse indivíduo que praticou esse bárbaro crime.

B.B: Qual é a produtividade da Polícia Civil daqui de Catalão?

D.J.C: Como estávamos dizendo, a criminalidade ela está aí, está presente e a polícia está fazendo o seu papel, importante ressaltar o excelente trabalho que vem sendo feito pela Polícia Militar, através dos competentes policiais do 18º Batalhão, que estão aí no dia a dia no árduo trabalho de combater a criminalidade e, aqui na Polícia Civil que também está sempre com disposição para combater crimes. O trabalho das policias como um todo, é um trabalho de 24hrs e ele não sessa nunca e, só para se ter uma noção, este ano foram lavrados pela Polícia Civil de Catalão, incluindo as prisões que foram feitas pelos policiais militares, 256 prisões em flagrantes, o que não diz que são todas presas, mas foram 256 atos, sendo que o número de pessoas presas é bem maior, desde crimes leves como Lei Maria da Penha, embriaguez ao volante, furtos, roubos e até casos de homicídios tivemos flagrante neste ano. Atos infracionais envolvendo adolescentes tidos como graves, quando envolve violência contra pessoas, em que pode ser apreendido estes adolescentes, este ano já foram doze e, tivemos na semana passada dois destes fatos, onde quatro adolescentes se juntaram para praticar crimes de roubos e é uma situação que tem nós preocupado bastante que são os adolescentes na prática de atos infracionais e estamos de olho para coibir esse tipo de situação. Também foram lavrados pela Polícia Civil de Catalão apenas neste ano de 2014, 557 Termo Circunstancial de Ocorrência (TCOs), que são os crimes de menor potencial ofensivos como ameaças, lesão corporal, crimes contra a honra, o que gera uma demanda de trabalho interna da Polícia Civil muito grande, pois tudo isso tem que ser documentado, as pessoas tem  que ser identificadas, as testemunhas intimadas, seja através do inquérito policial ou do TCO, tudo isso tem de ser enviado ao Poder Judiciário devidamente formalizado, identificado autores, vítimas, testemunhas, local do crime, circunstâncias, exames periciais e tudo é feito a partir do registro desse procedimento na central de flagrantes da Polícia Civil. Além disso, é muito importante realçar que apenas o Grupo Especial de Repressão a Narcóticos da Polícia Civil (Genarc), o qual trabalha com investigação exclusiva e repreensão ao tráfico de drogas, neste ano de 2015 já realizou 24 prisões em flagrante, com um total de 29 pessoas pressas pelo Genarc, além de outras ações realizadas em conjunto com a Polícia Militar aqui de Catalão, que resultou também em prisões em flagrante e ainda os policiais civis, o trabalho da 1ª DP, 2ª DP e Delegacia da Mulher e do próprio Genarc daqui de Catalão, resultou no cumprimento de 32 mandados de prisão, isso até o dia 31 de agosto agora, quer dizer, além de todo o trabalho de atendimento ao público, de documentar as prisões que são feitas pela Polícia Militar e as próprias prisões da Polícia Civil, conseguimos reunir provas, vai ao Poder Judiciário, obtém um mandado de prisão e a gente realiza as operações e cumpre estes mandados.

B.B: A sociedade cobra das instituições Polícia, tanto Civil quanto da Militar para que sejam efetuadas prisões, o sistema penitenciário do estado de Goiás comporta esse grande número de prisões que ela exige?

D.J.C: Essa é uma situação que aflige não somente Catalão, mas todo o Brasil que o sistema penitenciário é público e notório que ele está superlotado. Temos conhecimento que a situação prisional daqui de Catalão não é diferente, existe uma certa carência de vagas na unidade local e isso tem agravado ultimamente, dado a esse excelente trabalho feito pela Polícia Militar e pela Polícia Civil, que juntas as instituições tem logrado êxitos em prender diversos meliantes que insistem na prática de crimes e, sabemos que isso tudo tem um reflexo no sistema penitenciário também, apesar da nossa legislação ser bastante flexível em permitir que 90% dos casos o cidadão responda o processo em liberdade, existem situações que não tem jeito, o cidadão tem que ficar presa, é onde envolve a questão do sistema prisional e sabemos que em todo o país a carência de vaga é enorme.

B.B: Agradecemos pela receptividade e presteza no atendimento a nossa reportagem e deixamos o espaço em aberto para as suas considerações finais.

D.J.C: A gente que agradecer este espaço dado pelo Blog do Badiinho para mostrar o trabalho da Polícia Civil para a comunidade e dizer que estamos sempre procurando fazer o melhor para atender a comunidade, seja na delegacia, seja no atendimento de registro de ocorrências, seja também nestes casos mais graves e mais complexos, onde estamos sempre empenhando todas as nossas forças possíveis para retirarmos das ruas esses cidadãos que insistem na prática criminosa.

Ouçam o áudio da entrevista