Cidades do centro-sul do Paraná amanheceram em ruínas neste sábado (8), após a passagem de um tornado com ventos que superaram os 250 km/h. O fenômeno atingiu a região na tarde de sexta-feira (7) e provocou seis mortes e mais de 432 feridos.
A cidade mais atingida é Rio Bonito do Iguaçu, onde 80% do município foi destruído, segundo a Defesa Civil. Quatro pessoas morreram ali e uma em Guarapuava. Além disso, há relatos de desaparecidos e mais de mil desabrigados.
Fenômeno atingiu categoria EF3
O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) confirmou que o tornado chegou à categoria EF3 na Escala Fujita, que vai até cinco. O fenômeno se formou a partir de uma supercélula, tipo de tempestade com ventos giratórios intensos e alta capacidade destrutiva.
De acordo com o meteorologista Samuel Braun, o ambiente estava muito úmido e aquecido. Além disso, o cisalhamento do vento — diferença de velocidade e direção entre as camadas da atmosfera — estava extremamente elevado.
“Foi um evento extremamente devastador. Em 23 anos de carreira, nunca presenciei algo dessa magnitude no Paraná”, afirmou Braun.
O tornado também foi provocado por um ciclone extratropical que atingiu o Sul do país. Por isso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina também registraram danos. No Sudeste, São Paulo e Rio de Janeiro seguem em alerta para temporais.
Cenário de destruição e medo
Imagens gravadas por moradores mostram casas destruídas, postes caídos e árvores arrancadas. Houve ainda queda de granizo em vários pontos de Rio Bonito do Iguaçu. Dessa forma, a cidade, que tem cerca de 14 mil habitantes, ficou irreconhecível.
Além dos prejuízos materiais, o impacto psicológico é grande. Muitas famílias perderam tudo e buscam abrigo em escolas e igrejas.
Governo e equipes intensificam resgates
O Governo do Paraná enviou 30 bombeiros de diferentes regiões e mais 20 agentes do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), com cães farejadores, para ajudar nas buscas. Além disso, ambulâncias de Cascavel e Guarapuava reforçam o atendimento aos feridos.
Os hospitais da região estão sobrecarregados. Por isso, a Secretaria Estadual de Saúde abriu leitos em outras cidades para receber pacientes.
O governador Ratinho Junior (PSD) determinou a criação de uma base de comando no Quartel Central dos Bombeiros de Guarapuava para coordenar as ações. Enquanto isso, caminhões da Defesa Civil transportam cestas básicas, kits de higiene e dormitório para os desabrigados.
O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, anunciou o envio de ajuda humanitária e equipes de reconstrução, seguindo orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entretanto, mesmo com o reforço federal, voluntários e equipes municipais continuam trabalhando entre os escombros. Eles procuram desaparecidos e prestam apoio às famílias afetadas.

