30 de dezembro de 2019

PRODUÇÃO DE OVOS CRESCE EM GOIÁS

Volume aumentou 20% de 2017 para 2018, segundo o IBGE, e já alcança 2,16 bilhões de unidades; ovo caipira ganha espaço. Foto: André Costa – O Popular/Reprodução

A produção de ovos no Estado de Goiás mais que dobrou entre 2006 e 2017, saindo de 1 bilhão de unidades para mais de 2 bilhões, segundo informações do Censo Agropecuário do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). De 2017 para 2018, a Associação Goiana de Avicultura (AGA) informa que o crescimento foi de 20%, levando Goiás da nona para a oitava posição no ranking entre os Estados com a maior produção do alimento. E a perspectiva segue sendo a expansão, incluindo nichos como o de ovos caipiras. O último mês mercado pela elevação do preço da carne bovina contribuiu ainda mais para esse cenário otimista.

Ano passado, no País, foram produzidos 44,5 bilhões de ovos. No Estado de Goiás, segundo o presidente da AGA, Cláudio Almeida Faria, a produção chegou a 2,16 bilhões de unidades. “Estamos hoje com uma produção de quase 6 milhões de ovos por dia, é quase um ovo por habitante”. Neste ano, só no segundo semestre foram produzidos 654 milhões de ovos em Goiás, maior produção da série histórica para o período, conforme dados do IBGE. Faria cita que o crescimento tem sido gradativo e tende a continuar em resposta ao hábito alimentar e reconhecimento do valor nutritivo do alimento. “É acessível a todas classes, com produção de fácil acesso”, acrescenta.

Segundo informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo per capita de ovos no País entre 2017 e 2018 cresceu 10%, saindo de 192 para 212 unidades/ano. Média que faria informa que Goiás segue. Como a produção goiana excede o que aqui é consumido, ele diz que um terço do total é vendido para outros Estados.

Faria cita que há 11 granjas produtoras de ovos comerciais associadas à AGA. Os números de produção que a entidade possui, diz, se baseiam em relatórios da ABPA e contabilizam a produção total de ovos, não havendo recorte para os caipiras. Mas avalia que o volume produzido de caipira ou tipo caipira seja “muito menor”.

Analista de desenvolvimento rural da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), o médico veterinário Afrânio Martins da Silva, cita que a procura por ovos caipiras “aumentou e muito, mas é nicho de mercado”.

Apesar de faltar estatísticas específicas sobre esse segmento, ele estima que produtores no Estado produzam de “50% a 60% da demanda de mercado”. Segundo o analista, hoje quem está entrando nessa área de produção caipira tem tido sucesso. “Pintinho, reprodutor, tudo tem saída…”

Proprietária e administradora da Inova Frango, em Petrolina de Goiás, Bruna Fernandes Dias, de 26 anos, conta que entrou no mercado de produção de ovos caipiras para consumo há cerca de oito meses. Até outubro, a produção média estava entre 3.000 a 3.500 ovos por semana, que são vendidos para supermercados e panificadoras de Goiânia e cidades próximas da granja. A empresária diz que a meta é produzir 10 mil ovos por semana e ampliar esse mercado.

Além de ovos de consumo, lá também produzem ovos para produção de pintinhos, reprodutores e frango. “Vi que o comércio é muito carente desses produtos (caipira) e mesmo sendo carente existe muita procura”.


CUSTO

Silva, da Emater, explica que a demanda é um dos fatores que justificam a venda da dúzia de ovos caipiras em Goiás por mais que o dobro do que se encontra o tipo industrial (conhecido como de granja). Porém, diz que enquanto se vende 100 dúzias do industrial, vende-se dez do caipira. “Mas quem compra o caipira não está preocupado com preço mas com a satisfação em consumir e com qualidade.

Uma segunda razão para o preço mais elevado do ovo caipira, cita, é o manejo e a alimentação. Seguindo as recomendações técnicas que tornam a granja apta a comercializar a produção de ovos caipiras, como estrutura que alie galpão e área livre cercada, o custo de produção é estimado em R$ 0,17 por unidade ante de cerca de R$ 0,13 por unidade industrial. O tempo para a galinha iniciar a botar em ambos sistemas produtivos, diz, é de 140 dias. A matriz caipira, porém, produz 200 ovos por ano enquanto a industrial, 320.


SISTEMA LIVRE DE GAIOLAS GANHA ADESÃO

Enquanto a produção de ovos cresce, um novo sistema de produção tem conquistado espaço entre as granjas industriais: o livre de gaiolas para galinhas poedeiras. Segundo a zootecnista Maria Fernanda Martin, gerente de programa de políticas corporativas da Humane Society International (HSI) no Brasil, só no ano passado três produtores iniciaram a produção nesse modelo, sendo um deles numa granja instalada em Catalão (GO). É um movimento positivo. Existe, claro, resistência, mas temos visto que não é mais se vai fazer ou não (a migração do sistema), mas quando”. Uma das razões, diz, seria a demanda de mercado. “O consumidor hoje está mais atento àquilo que coloca no prato e também empresas do setor alimentício têm se comprometido em não comprar ovos de galinhas criadas em gaiolas”.

Segundo a HSI, um dos maiores grupos de proteção animal no mundo, 100 empresas de alimentos já anunciaram o compromisso de só comprar ovos de galinhas livres de gaiolas no Brasil e na América Latina, entre elas, Nestlé, Burger King e McDonald’s. Ainda assim, Maria Fernanda pontua que, hoje, estima-se que apenas 5% da produção no País seja livre de gaiola. “A previsão é que daqui cinco anos se tenha ao menos 15%”. Nas gaiolas em bateria, conforme publicação da HSI, cada galinha tem um espaço menor do que o de uma folha de papel A4 para ficar. “Não conseguem andar livremente, bater asas, expressar comportamentos naturais como ciscar, empoleirar, fazer o ninho”, diz a zootecnista. Entre as recomendações da HSI está um espaço mínimo de 1.400 centímetros quadrados por ave. Ela acrescenta que hoje o melhor sistema seria o caipira. “No livre de gaiola não ficar preso, mas tem substrato no solo para ciscar, mas não tem esse passeio no campo (previsto no caipira)”.

Foto: Reprodução/O Popular

Escrito por: Redação/O Popular