Ícone do site Badiinho

Prefeito Márcio Corrêa é citado em investigação por ataques virtuais em Anápolis

Prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (UB), é citado em investigação policial de perfil falso nas redes sociais com ataques a políticos, líderes religiosos e empresários da cidade. Foto: Reprodução

Vereadores cobram apuração sobre suposto uso da máquina pública para ataques virtuais; Polícia Civil aponta possível envolvimento direto do prefeito

A crise que envolve o prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (UB), ganhou novos contornos nesta segunda-feira (26). Isso porque a Câmara Municipal criou uma frente parlamentar para acompanhar os desdobramentos da Operação Máscara Digital. Além disso, o grupo iniciou a coleta de assinaturas para abrir uma Comissão Especial de Investigação (CEI) com foco nas denúncias.

Mesmo com o desgaste crescente, Corrêa embarcou no domingo (25) para uma missão oficial no exterior. A viagem, liderada pelo vice-governador Daniel Vilela (MDB), inclui visitas à Estônia, Finlândia e Cingapura. O prefeito publicou em suas redes sociais a frase “Bora ali?”, ao lado da esposa Carla Lima. A postagem, no entanto, foi mal recebida diante da gravidade das acusações. Até o momento, sua assessoria não se pronunciou.

Prefeito viajou com vice-governador, mas situação dele em Anápolis fica complicada – Foto reprodução redes sociais de Márcio Corrêa

Vereadores pressionam por investigação

Durante a primeira reunião da frente, parlamentares que foram alvos de ataques decidiram intensificar a mobilização pela abertura da CEI. Até agora, seis vereadores já assinaram o requerimento: Rimet Jules (PT), Thaís Souza (Republicanos), Domingos Paula (PDT), Fred Caixeta (PRTB), Alex Martins (PP) e Luzimar Silva (PP). São necessárias oito assinaturas para oficializar a comissão.

Além da CEI, os vereadores também agendaram visitas ao delegado responsável pela operação e ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), já que a investigação envolve uma autoridade com foro privilegiado. A Polícia Civil, inclusive, já solicitou o envio do processo ao TJ-GO, com base em indícios de que o prefeito pode ter atuado diretamente nos ataques.

Perfil anônimo atacou políticos, empresários e líderes religiosos

O perfil investigado, conhecido como “Anápolis na Roda”, publicou conteúdos ofensivos contra parlamentares, empresários locais e até pastores de igrejas evangélicas. Em nota, o Conselho de Pastores de Anápolis repudiou veementemente as publicações. Segundo o bispo Mozart Soares, o conteúdo feriu a honra de líderes religiosos e causou sofrimento a famílias inteiras.

Audiência pública já tem data marcada

A frente parlamentar também marcou uma audiência pública para o dia 3 de junho, na Câmara Municipal. O encontro contará com a participação de vítimas, autoridades e representantes da sociedade civil. De acordo com o vereador Rimet Jules, a medida busca dar visibilidade aos impactos causados pelas postagens ofensivas.

“É fundamental que a população tenha clareza sobre o que está acontecendo. Usar a estrutura pública para promover ataques não pode ser tratado como algo banal”, destacou o parlamentar.

Delegados citam mensagens ligando prefeito ao grupo

Durante a apuração, a Polícia Civil identificou que o prefeito participava de um grupo de WhatsApp intitulado “Café com Pimenta”. Nele, os integrantes coordenavam as postagens do perfil anônimo. Em uma das mensagens, atribuída a Corrêa, o texto diz: “Bora soltar essa no Anápolis na Roda 3”, o que, segundo os delegados, sugere envolvimento direto.

A perícia no celular do ex-secretário de Comunicação, Luís Gustavo Rocha, confirmou a existência do grupo e das mensagens. O CyberGaeco, núcleo especializado do Ministério Público, utilizou tecnologia forense para validar os dados extraídos. O laudo técnico atestou a integridade das provas.

Jornalista investigada nega envolvimento

Ellysama Aires Lopes Almeida, uma das investigadas, afirmou em nota que teve acesso ao perfil apenas em 2024. Desde então, outras pessoas teriam assumido a administração da página. Ainda segundo ela, as mensagens que enviou pelo direct buscavam cumprir decisões judiciais, e não representar vínculo com os atuais responsáveis pelo conteúdo.

Em seu relato, Ellysama criticou a ação policial. Ela relatou que policiais encapuzados invadiram sua casa, colocaram armas diante dos filhos e a algemaram. “Minha filha de seis anos se recusa a voltar para casa. Sempre assinei o que produzi. Nunca me escondi por trás de perfis falsos”, afirmou.

Prisões foram revogadas, mas investigações continuam

No dia 16 de maio, a Polícia Civil prendeu temporariamente Ellysama, Denílson Boaventura (ex-diretor de Comunicação da Câmara) e Luís Gustavo Rocha. Contudo, a juíza Marcella Caetano da Costa revogou as prisões após manifestação do Ministério Público, que considerou que os mandados já haviam cumprido sua finalidade.

Apesar da soltura, os investigados seguem sob medidas cautelares. Eles estão proibidos de acessar os perfis investigados e de utilizar redes sociais para novos ataques. Com isso, a polícia espera garantir a continuidade das investigações sem interferência externa.

Operação Máscara Digital segue em andamento

A Polícia Civil prossegue com a apuração dos crimes, que incluem calúnia, injúria, perseguição e associação criminosa. Estima-se que o perfil “Anápolis na Roda” tenha atingido pelo menos 50 vítimas diferentes. Além disso, novas conexões entre os investigados ainda estão sendo analisadas.

Por fim, a Câmara Municipal reiterou sua disposição em colaborar com as autoridades. O caso segue em destaque e deve gerar novos desdobramentos nos próximos dias.

Com informações do Diário de Goiás

Sair da versão mobile