26 de janeiro de 2015

POLÍTICA: Na Alego oposição se reforça e enfrentará ‘base jovem’

corte_-_principal
“A chegada e a permanência de deputados experientes e combativos promete reviver a oposição na Alego. Situação se preocupa”

A Assembleia Legislativa, que começará sua nova legislatura no mês de fevereiro, promete muitas atividades e novidades. Apesar de a base aliada do governador Marconi Perillo (PSDB) ter eleito uma bancada maior que a atual legislatura, o grupo perdeu deputados combativos, como o deputado Túlio Isac (PSDB), um dos maiores defensores do governador Marconi Perillo (PSDB) na Casa. Os novos deputados governistas são, em sua maioria, novatos. Já a oposição ganhará o reforço de deputados experientes e conhecidamente combativos no plenário. O panorama já liga o sinal amarelo entre os governistas (leia mais abaixo).

As atividades começam de fato no dia 19 de fevereiro, mas os oposicionistas já pulverizam trabalho principalmente de fiscalização do governo e programam uma série de atividades a serem implantadas dentro da Assembleia durante os próximos quatro anos.

Nos últimos mandatos de Marconi Perillo, a oposição praticamente passou em branco no Legislativo. Na próxima legislatura, com a eleição de nomes conhecidos por fazerem fortes críticas ao PSDB, como o dos deputados estaduais eleitos Adib Elias (PMDB), Ernesto Roler (PMDB) e José Nelto (PMDB), somados à manutenção do deputado Luis César Bueno (PT), surge um quarteto capaz de reviver a força da oposição, que se esvaiu nos últimos quatro anos.
Além desses, outro nome que por muitos momentos segurou sozinho a bandeira da oposição nos últimos anos na Alego, também conseguiu se reeleger. Trata-se do deputado estadual Major Araújo, que é filiado ao PRP, partido presidido pelo ex-secretário da Fazenda do governo Alcides Rodrigues (ex-PP e hoje no PSB), entre 2006 e 2010, Jorcelino Braga, conhecido opositor de Perillo. Ex-aliado de Marconi, Araújo se destacou na atual legislatura por seus discursos contra o governo.

Procurados pela reportagem, os deputados da oposição prometem que serão ativos. O deputado José Nelto, por exemplo, promete uma oposição “inteligente”.  Já Adib Elias, apesar de ter um histórico de resistência, chega à Assembleia depois de alguns anos e com experiência acumulada de suas administrações municipais à frente da cidade de Catalão. O deputado Ernesto Roller não deve dar trégua ao governo, assim como fez em sua campanha.

Oposição ativa

Este trio peemedebista promete atuar de forma efetiva dentro da Casa nesses próximos quatro anos. O deputado estadual José Nelto declarou que vai sim ter um posicionamento ativo de oposição. Segundo ele, a oposição deve responder o governo à altura, mas sem ataques e com muita inteligência. “A oposição vai cumprir seu trabalho de representar os 44% do eleitorado que votaram nela e defender os direitos da sociedade e liberdade”, reforça o deputado, ressaltando que vai forçar para que o governador cumpra os compromissos firmados durante a campanha.
Adib Elias concorda que a oposição tem que estar equilibrada para debater e fiscalizar o que é de interesse da população e acredita que o corpo de deputados oposicionistas mais experientes deve contribuir de forma positiva. “Acredito que mesmo com número menor será uma oposição muito mais célere, muito mais firme, muito mais compacta do que foi nesta atual legislatura”, disse.

Junto ao trio, o deputado Major Araújo deve atuar. Segundo ele, o trabalho de oposição será intensificado e que mesmo com o número mais reduzido, o efeito oposicionista não deve ser comprometido. “Ganhamos parlamentares qualificados que atuam na oposição. Da minha parte quero intensificar ainda mais, reforçando minha assessoria e entrando com ações, fazendo com que pelo menos o regimento seja cumprido, pois quando solicitei informações do governo não fui atendido e isso fere o regimento”, relembra.
Para o Araújo, nesses próximos quatro anos, a Assembleia deve trabalhar “de fato para a população em defesa do que é realmente interesse das pessoas, e não do governo”.

PT

O Partido dos Trabalhadores também promete atuar na oposição. E, para tal, conta com um nome que se destacou na última legislatura como crítico de ações consideradas equivocadas por parte do governo. Este é o perfil do deputado Luis César Bueno, que afirma que o discurso petista dentro da Casa será consistente e qualitativo. “Vamos atuar de forma propositiva e defender o nosso projeto nacional”, diz.
Segundo ele, o que o partido é contra, vai atuar firmemente para defender seu posicionamento. “Se vier o que está se desenhando, como a  terceirização das escolas, dos hospitais, a cobrança de pedágios, a redução da máquina e do corpo de funcionários públicos, o aumento dos impostos, tudo isso somos contra e vamos defender nossa posição”, explica.

Incógnitas

Há ainda alguns nomes que podem, ou não, trabalhar na oposição ao governador dentro da Alego. Dentre eles está o da deputada estadual Adriana Accorsi (PT). Bem votada e primeira deputada estadual mulher da história de seu partido, a delegada da Polícia Civil tem uma ligação política com o ex-governador, que a indicou para ser a Delegada Geral da Polícia Civil de Goiás, função a qual cumpriu por pouco mais de um ano.
Depois disso, ela voltou ao seu partido para assumir a secretaria de Defesa Social da prefeitura de Goiânia, a convite do prefeito Paulo Garcia (PT), posição a qual manteve até se desligar para buscar uma vaga na Assembleia no ano passado. Não é do perfil de Adriana, porém, uma oposição mais barulhenta.
Outra incógnita na oposição é o deputado estadual Simeyzon Silveira (PSC). Durante seus dois anos de mandato na Alego, o deputado mesclou discursos críticos contra o governo, mas ao mesmo tempo não fincou seu pé totalmente na oposição, como no episódio da retirada de sua assinatura no pedido de abertura de CPIs em 2013.
Outro que também ficou marcado pelo pedido de retirada de sua assinatura foi o deputado estadual Paulo Cezar Martins (PMDB). Nos bastidores, algumas lideranças peemedebistas acreditam que ele, juntamente com o deputado Bruno Peixoto (PMDB), mais uma vez não assumirão um papel de fortes opositores.


Governistas temem juventude da bancada aliada

Enquanto a oposição contará com deputados experientes que prometem dor de cabeça ao governo estadual nos próximos quatro anos, a base aliada do governador Marconi Perillo (PSDB) terá um grande número de parlamentares novatos. Esse fato já começa causar temor ao grupo que, ao olhar para os novos deputados aliados ao governo, vê um número limitado de lideranças que podem, de fato, defender o governo tucano de estocadas da oposição.

Com o deputado Hélio de Sousa (DEM) fora de combate – já que deve ser reeleito presidente e, assim, se afastará das discussões mais calorosas – e o parlamentar José Vitti (PSDB) com a missão de ser líder do governo – outro posto que é necessário priorizar o diálogo com toda a Casa e, assim, se manter fora do combate direto com a oposição -, as opções de ‘artilharia’ da base governista diminuem consideravelmente.

Uma das apostas é o deputado estadual Júlio da Retífica (PSDB), que já desempenhou um bom papel de defesa do governo na legislatura atual, que termina no sábado, 31. Júlio, que não conseguiu se reeleger em 2014 e ficou com a primeira suplência, assumirá o mandato de imediato devido à licença da deputada eleita Lêda Borges (PSDB), que assumiu a secretaria de Desenvolvimento Social do governo. Muitos interlocutores na base aliada acreditam que a necessidade de ter mais deputados combativos no parlamento justifica o esforço do governador para dar mandato a Júlio da Retífica. Vale lembrar que Lêda assume uma das poucas supersecretarias do governo, desejada por outros grupos políticos.

Outro parlamentar experiente que ajudará na defesa do quarto governo Marconi Perillo é o deputado Talles Barreto (PTB). Ele, porém, terá que se dividir entre a posição de ‘mosqueteiro’ do governador e de presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Casa. Os dois deputados, Júlio e Barreto, têm tudo para serem a referência governista na defesa da gestão, principalmente neste início de legislatura.

Nos bastidores, lideranças governistas lamentaram muito o insucesso eleitoral de parlamentares que, certamente, seriam importantes no embate contra a oposição na Casa. Túlio Isac (PSDB), por exemplo, é, talvez, o governista mais lembrado quando o assunto é confronto de plenário com os oposicionistas. Ele, porém, não conseguiu ser reeleito. O deputado federal Carlos Alberto Lereia é outro que não conseguiu uma vaga na Assembleia Legislativa e que era visto por muitos como mais um que seria deputado referência na defesa de Marconi no parlamento. (Eduardo Sartorato)


PMDB se reúne para definições

Com cinco nomes representados dentro da Assembleia Legislativa, o PMDB se reúne nesta segunda-feira, 26, para anunciar o seu líder dentro da Casa. Conforme adiantado pela coluna Linha Direta da última semana, o deputado José Nelto (PMDB) assumirá esse papel.

O parlamentar eleito disse que o partido vai atuar unido com seus deputados dentro da Casa para que a posição seja bem trabalhada. “Eu não mudo nada daquilo que o público me determinou e quero atuar com sabedoria, transparência e muita inteligência para avançar”, ressalta.

Nelto explica que o trabalho do trio formado por Ernesto Roller, Adib Elias e ele será pautado na fiscalização do Executivo. “Vamos utilizar instrumentos legítimos como a polícia investigativa, o Ministério Público a imprensa, a população e as redes sociais”, afirma.
Segundo o deputado peemedebista, a oposição deve trabalhar com um discurso sem ódio, mas com razão, porém de forma dura. “Estamos dispostos a colaborar com o governo e abertos para ajudar um governo que está cansado, pois está lá há quase 20 anos”, alfineta.

Sobre os outros partidos que compõem a bancada da oposição, José Nelto adianta que todos serão bem vindos. “Estamos de braços abertos e a nossa palavra de ordem é soma e multiplicação, então, todos que se juntarem a nós pelo nosso mesmo propósito será bem recebido”, diz.

Na reunião, Adib Elias deverá ser confirmado como representante do PMDB na Mesa Diretora da Casa. Ele deverá ser candidato da chapa única, encabeçada pelo presidente Hélio de Sousa (DEM), a uma secretaria. (J.N.)