3 de outubro de 2018

Operação Cash Delivery: após ação da PF em endereços de Marconi Perillo, Governo de Goiás anuncia troca na presidência da Agetop

Preso em operação da PF, Jayme Rincon deixa presidência da Agetop — Foto: Reprodução/ TV Anhanguera

O Governo de Goiás informou na tarde desta quarta-feira (3) que fez uma mudança na direção da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop). O atual Procurador-Geral do Estado, Luiz Cesar Kimura, assumirá à presidência no lugar do então comandante, Jayme Rincón, responsável também pela coordenação da campanha do atual governador, Zé Eliton (PSDB), candidato à reeleição, e que foi preso há menos de uma semana durante a deflagração da Operação Cash Delivery.

A ação deteve ainda outras quatro pessoas e fez buscas em endereços do ex-governador de Goiás e atual candidato ao senado, Marconi Perillo (PSDB). Na ocasião, mais de R$ 1 milhão foi apreendido.

No comunicado do Gabinete de Imprensa, consta que, após convite de Zé Eliton, Kimura “assume amanhã [quinta-feira, 4] a presidência da Agetop”. Por sua vez, o procurador Murilo Nunes Magalhães passa a comandar a PGE.

Ainda conforme a nota, “os decretos de nomeações serão publicados amanhã no Diário Oficial do Estado”.

Em sua audiência de custódia Jayme Rincón disse que se mantinha na presidência da Agetop, embora tivesse anunciado afastamento para poder coordenar a campanha de Zé Eliton.

O site G1 Goiás, que publicou a notícia, disse que entrou em contato com as assessorias de imprensa do Governo de Goiás e da Agetop, por email, às 12h35 desta quarta-feira (3) e aguarda retorno.

Dinheiro apreendido com motorista de Jayme Rincon na operação Cash Delivery — Foto: Reprodução

 

Prisões

Cinco pessoas foram presas durante a operação, deflagrada na última sexta-feira (28). Além dele, Márcio Garcia de Moura – policial militar e motorista de Rincón – tiveram a prisões temporárias convertidas em preventivas, ou seja, por tempo indeterminado.

Já nos do empresário Carlos Alberto Pacheco Júnior e do engenheiro civil e filho de Jayme, Rodrigo Godoi Rincón, a prisão temporária foi prorrogada por mais cinco dias.

Somente o advogado Pablo Rogério de Oliveira foi solto.

Todos os envolvidos sempre negaram envolvimento com o suposto esquema criminoso. A operação investiga o recebimento de propina de R$ 12 milhões durante as duas últimas gestões de Perillo à frente do governo do estado, em troca de favorecer empreiteiras em contratos.

No pedido para autorização dos mandados, a PF afirmou que não solicitou a prisão de Perillo por causa da lei eleitoral. A legislação determina que candidatos não podem ser presos 15 dias antes do pleito, a não ser em flagrante. Esse prazo começou a contar no dia 22 de setembro.

A Polícia Federal convocou o ex-governador para prestar esclarecimentos sobre as investigações. Porém, a defesa pediu que isso acontecesse após as eleições. Durante a operação, os celulares de Marconi Perillo e da esposa, além do computador da filha, foram apreendidos.

Tabela que mostra supostos repasses de propina ao ex-governador Marconi Perillo — Foto: Reprodução/TV Globo

Investigações

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Perillo, quando ainda era senador e depois como governador, pediu e recebeu propina para favorecer a Odebrecht em contratos e obras. Os valores, segundo as investigações, foram de R$ 2 milhões em 2010 e R$ 10 milhões em 2014.

Na denúncia, Marconi Perillo é citado como líder do esquema. Jayme Rincón é apontado como braço-direito do ex-governador, responsável pela entrega do dinheiro solicitado pelo político. O filho de Jayme, Rodrigo Rincón, teria colaborado diretamente com o recebimento do dinheiro, tendo sido beneficiário de parte dos pagamentos.

Além disso, os policiais militares Sergio Rodrigues de Souza (falecido) e Márcio Garcia de Moura teriam transportado o dinheiro conforme pedidos de Marconi, assim como Pablo Rogério de Oliveira e Carlos Alberto Pacheco Junior.

Ao todo, foram cumpridos 14 de busca e apreensão. A ação ocorreu em cinco cidades – Goiânia (GO), Pirenópolis (GO), Aruanã (GO), Campinas (SP) e São Paulo (SP). Foram apreendidos R$ 80 mil na casa de Jayme Rincón. Outros R$ 940.260, na casa do motorista dele.

De acordo com as investigações, a propina era entregue em dinheiro em espécie e transportada em malas e mochilas. O MPF apontou que houve ao menos 21 entregas do dinheiro irregular em 2014 feitas a mando da Odebrecht para favorecer Perillo.

Também segundo o MPF, os indícios colhidos nas apurações mostram que Perillo atuava como chefe do grupo e Rincón era braço direito dele.

Foto de arquivo de 12/06/2012 de Marconi Perillo durante depoimento no Senado, em Brasília — Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Escrito por: Redação/Fonte: G1-Goiás