1 de novembro de 2014

Mulher e namorado vão responder por morte

Escrito por: Patrícia Drummond (Jornal O popular)

Homem identificado por Fábio participou das duas sessões de aplicação do produto em Maria José.

Maria José
“Maria José Brandão morreu após aplicação de produto para modelar e aumentar glúteo”

Um novo personagem aparece na história de Maria José Medrado de Souza Brandão, de 39 anos, a auxiliar de leilões morta há uma semana, em Goiânia, vítima de uma possível embolia pulmonar, após a segunda aplicação de uma substância para aumentar os glúteos. Trata-se de um homem identificado como Fábio, que, segundo a polícia, teria participado de forma ativa do primeiro procedimento, no dia 12 de outubro, ao lado da namorada, Raquel, apresentada à Maria José como biomédica, responsável pelo procedimento que era denominado bioplastia.

“Segundo relato do filho da vítima, que a acompanhou nas duas vezes em que foi feita a aplicação do produto, Fábio ajudou Raquel nas aplicações, durante o primeiro procedimento. Eles faziam tudo no olhômetro, se afastavam para observar os glúteos de Maria José, como se estivessem medindo as proporções, e, assim, decidiam aplicar mais ou menos de um lado e outro, compartilhando o mesmo recipiente com a substância”, conta a delegada Myrian Vidal, titular do 17º Distrito Policial (DP), que investiga o caso.

De acordo com ela, Fábio – cujo nome aparece em mensagens de Maria José no WhatsApp – deverá ser ouvido na segunda-feira, quando também deverá prestar depoimento a namorada dele, Raquel. “Assim como Raquel, que não possui registro como biomédica, Fábio já poderá responder por exercício ilegal da Medicina. Caso o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) aponte indícios de que a morte de Maria José está vinculada ao procedimento realizado, ambos ainda podem ser responsabilizados por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar)”, informa Myrian.

Outra dúvida a ser esclarecida, conforme a delegada, é quanto a origem da substância aplicada nos glúteos de Maria José Brandão. Para Myrian Vidal, pode ser que o produto não seja o hidrogel de poliamida Aqualift, como teria anunciado a responsável pelo procedimento à cliente. A hipótese deverá ser investigada, já que, segundo a titular do 17º Distrito Policial, a embalagem descrita pelo filho da vítima, em depoimento, não condiz com a apresentada pela empresa Rejuvene Medical, que distribui o Aqualift no Brasil.

“Também chama a atenção o valor cobrado pela aplicação, diante do custo desse hidrogel, no mercado. É muito caro! Se considerarmos o que foi pago por Maria José, os valores são incompatíveis”, destaca Myrian. Segundo propaganda divulgada na internet pela empresa Rejuvene Medical, 50 gramas do produto Aqualift corporal, em “superpromoção” de 31 de março do ano passado, custavam R$ 999, para pagamento em dinheiro ou cheque, e compra acima de duas unidades. Na vítima, teriam sido aplicados, da primeira vez, 500 mililitros (ml) da substância de preenchimento, procedimento pelo qual a auxiliar de leilões teria pago R$ 3,2 mil.

Maria José Brandão fez duas aplicações do produto nos glúteos. Após a primeira sessão, em meados de outubro, ela reclamou que não tinha alcançado os resultados esperados. Após a segunda aplicação, ela passou mal e foi internada no Hospital Jardim América, onde morreu.

 

Trechos das conversas  entre Raquel e Maria José

Raquel:Vai, dá uma ida no médico, para medir sua pressão, porque tipo assim, não tem nada a ver com o procedimento mesmo não. Não tem absolutamente nada a ver.
Maria José: Tá bom, vou deixar você trabalhar em paz que sei que tem muito serviço aí pra você fazer. Qualquer coisa eu te dou um grito. Tá bom?
Raquel: Não Maria José, qualquer coisa você me chama, mas tenta, tipo assim, fica tranquila, tenta dormir um pouquinho, é…toma um Paracetamol, um remediozinho para dor de cabeça, porque pode ser tipo qualquer coisa porque anestesia não tem como ser.