17 de janeiro de 2015

MP nega pedido de falsa biomédica para retirar produto de seu bumbum

Escrito por: Portal G1

Intenção era compará-lo com o que foi achado em vítima após aplicação. Órgão diz que solicitação é ‘incoerente’; Defesa vê negativa com ‘estranheza’.

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“Raquel queria comparar produto aplicado nela e em vítima” (Foto: Sebastião Nogueira/O Popular)

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) se posicionou contrário ao pedido da falsa biomédica Raquel Policena, de 27 anos, para realizar uma perícia e retirar um produto que ela própria afirma ter aplicado em seu bumbum. A intenção, segundo a defesa, era comparar o material com o que foi encontrado no corpo da ajudante de leilão Maria José Medrado, 39, que morreu horas depois de realizar um procedimento para aumentar os glúteos, feito por Raquel, em Goiânia. Segundo os autos, a suspeita afirma que trata-se da mesma substância.

Segundo o parecer do promotor de Justiça Carlos Alberto Fonseca, “não há como comprovar seguramente que o produto que Raquel alega ter aplicado em si mesma corresponde exatamente ao produto que aplicou na vítima”. Ele acrescenta ainda que o pedido é incoerente e apenas tumultuará o processo, “não consistindo em prova segura”.

O MP apontou ainda que somente a exumação do cadáver de Maria José, realizado no dia 18 de dezembro do ano passado a pedido da Polícia Civil, é considerado no processo como “perícia segura e necessária”. No entanto, segundo o Instituto Médico Legal (IML), os laudos que vão definir qual o produto foi aplicado no bumbum de Maria José ainda não ficaram prontos.

Estranheza”

O advogado de Raquel, Tadeu Bastos, disse que recebeu a decisão com “estranheza”. Segundo ele, o procedimento foi requisitado com o intuito de provar que sua cliente não assumiu o risco de matar Maria José. No inquérito policial, ela e o namorado, o professor de idiomas Fábio Justiniano Ribeiro, de 33 anos, foram indiciados por quatro crimes, entre eles, homicídio doloso com dolo eventual (quando se assume o risco de matar).

“Quem busca a verdade real dos fatos, como é o dever do MP, deveria levar isso em conta. Não existe um motivo para não comparar. Até agora, não existem elementos dizendo que o produto aplicado [na Maria José] foi o que causou a morte. Como a Raquel assumiu o risco de matar se aplicou em si mesmo? Ela iria cometer suicídio?”, questiona.

O defensor afirma ainda que assim que for divulgado qual o produto foi usado em Maria José, vai pedir novamente para que o material seja comparado com aquele que sua cliente diz ter aplicado em si mesma.

Além de Maria José, Raquel é apontada como responsável por aplicar produtos para aumentar o bumbum em mais de 30 clientes. Segundo as mulheres que procuraram a Polícia Civil, ela dizia que o produto aplicado era hidrogel.  Entretanto, um laudo pedido por uma das clientes a uma clínica particular constatou que ela tem silicone no bumbum.

Morte

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“Maria José morreu horas depois de fazer aplicação no bumbum” (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Maria José morreu em 25 de outubro, menos de um dia depois de fazer a segunda aplicação no bumbum, em uma clínica estética de Goiânia. Após se sentir mal, ela foi internada no Hospital Jardim América, em Goiânia, mas não resistiu e morreu com suspeita de embolia pulmonar.

Em áudios conseguidos com exclusividade pela TV Anhanguera, Maria relatou à Raquel que sentia dor no peito e falta de ar. É possível notar que a paciente estava ofegante e fraca, mas a responsável pela aplicação descartou riscos e orientou a vítima a comer “uma coisinha salgada”.

Momentos depois, Maria José encaminhou uma mensagem escrita dizendo: “Tenho medo de AVC [Acidente Vascular Cerebral]. Minha mãe morreu cedo disso”. Nesse momento, Raquel deu uma risada e descartou a possibilidade de paciente sofrer do problema. “AVC não dá falta de ar não. AVC é no cérebro, não dá falta de ar. Pode ficar tranquila. Você fuma? Alguma coisa assim? Você costuma praticar atividade física? Pode ficar tranquila que tem a ver com a tensão, não tem nada”, disse.