A morte do jovem conhecido como “Vaqueirinho”, no domingo (30), após invadir o recinto de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, revelou uma história ainda mais dolorosa. Uma conselheira tutelar, que acompanhou o adolescente por oito anos, publicou um relato que expõe anos de abandono, violações e sofrimento. O texto se espalhou rapidamente e comoveu o país.
Ver essa foto no Instagram
Infância interrompida e risco constante
A conselheira afirmou que conheceu o menino quando ele tinha apenas 10 anos. A Polícia Rodoviária Federal o encontrou sozinho na BR e o levou ao Conselho Tutelar. Desde então, a Rede de Proteção passou a acompanhá-lo sempre que surgiam novos episódios envolvendo sua segurança.
Segundo ela, o adolescente demonstrava comportamentos arriscados desde cedo. Ele dizia com frequência que queria viajar para a África e cuidar de leões. Em um desses momentos, ele tentou acessar o trem de pouso de um avião da Gol. Funcionários do aeroporto viram a ação pelas câmeras e evitaram uma tragédia.
Vínculos familiares fragilizados
A conselheira destacou que o jovem cresceu em um ambiente familiar marcado por transtornos mentais. A mãe, esquizofrênica, não tinha condições de cuidado. A avó também enfrentava sérios problemas de saúde mental. Enquanto isso, quatro irmãos foram adotados, mas ele permaneceu fora de qualquer processo de adoção.
Mesmo assim, ele repetia que queria voltar para a mãe. A conselheira disse que nunca o viu como as redes sociais o retratavam. Para ela, ele era uma criança vulnerável que buscava pertencimento.
Em um trecho do relato, ela escreveu:
“Você só queria voltar a ser filho da sua mãe. Mas a sociedade, sem conhecer sua história, preferiu te jogar na jaula dos leões.”
Tragédia que escancara a vulnerabilidade
O jovem morreu após escalar o muro do recinto, passar pelas grades de segurança e entrar na área da leoa. O animal reagiu imediatamente e o atacou. A Prefeitura de João Pessoa afirmou que ele invadiu o local de forma deliberada. A Polícia Civil também avalia a possibilidade de um ato suicida.
Caso segue em investigação
O município destacou que o zoológico cumpre todas as normas de segurança. Mesmo assim, a investigação continua para esclarecer completamente o que levou o jovem a entrar no recinto e como o ataque ocorreu.
