Centenas de moradores de Catalão procuraram a Polícia Civil nesta segunda-feira (08/12) após ficarem impossibilitados de sacar valores investidos em um aplicativo que prometia rendimentos semanais. Logo pela manhã, o escritório da empresa, localizado na avenida 20 de agosto, amanheceu tomado por clientes revoltados. Muitos afirmaram que, diante do cenário, acreditam ter sido vítimas de um golpe.
Além disso, alguns investidores relataram que chegaram a vender bens pessoais — incluindo um apartamento — e até contrair empréstimos para aplicar na plataforma. “Tive um prejuízo de R$ 10 mil. Coloquei um parente meu, garanti para ele também, e agora tenho que pagar R$ 3.200”, contou Maxwell, que afirmou ainda possuir aplicações de curto prazo no aplicativo.
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Promessas de lucro fácil e sistema por níveis
Conforme explicaram as vítimas, o investimento era feito diretamente no aplicativo. Para começar, o usuário precisava depositar no mínimo R$ 280 e, em troca, recebia cerca de R$ 8 por semana. Contudo, era obrigatório assistir a quatro vídeos por dia. Esse modelo correspondia ao nível básico, chamado de R1. À medida que os participantes investiam valores maiores, eles avançavam para níveis superiores, chegando ao R9, que exigia um aporte de R$ 700 mil.
Segundo os investidores, a empresa administrava dezenas de grupos no WhatsApp, cada um com aproximadamente mil pessoas. Entretanto, nesta segunda-feira, todos foram surpreendidos com o bloqueio dos saques e com um comunicado exigindo o pagamento de uma taxa de autenticação. Além disso, o valor cobrado variava conforme o nível do usuário na plataforma. Logo depois, os administradores restringiram o envio de mensagens nos grupos.
Moradores dizem ter perdido tudo
Entre os relatos, um dos mais dramáticos é o de uma mulher que preferiu não se identificar. Ela contou que, na tentativa de aumentar seus ganhos, vendeu um apartamento no Pará para investir no aplicativo. No nível R4, aplicou mais de R$ 36 mil e, agora, não consegue retirar qualquer quantia. “É ruim perder a casa, pagar a dívida do empréstimo, e ainda moro de aluguel aqui em Catalão. Inclusive, tenho a conta do aluguel para pagar”, desabafou.
Empresa abriu escritórios e conseguiu alvará
A empresa abriu quatro escritórios na cidade e, além disso, distribuiu cestas básicas e prometeu bônus para quem indicasse novos usuários. O alvará de funcionamento foi emitido pela Prefeitura de Catalão em junho. A administração municipal informou que a empresa foi registrada como MEI na categoria de promoção de vendas, o que permitiu a emissão do documento.
Como o clima ficou tenso, a Polícia Militar foi até o escritório para conter os ânimos. Já a delegacia ficou lotada, o que obrigou a distribuição de senhas para organizar o atendimento. Representantes dos escritórios também procuraram a polícia. Uma delas, bastante abalada, disse estar sendo ameaçada pelos investidores. “Somos tão vítimas quanto eles. Já que não conseguem alcançar a pessoa que está fora do Brasil, descontam na gente”, afirmou.
Investigação já está em andamento
De acordo com os relatos, a falta de pagamento já dura cerca de 15 dias. Uma das gerentes explicou que, até então, a plataforma cumpria os depósitos, mas deixou de pagar repentinamente. “Ela pagava certinho, mas já tem 15 dias que não paga nada. A responsável mora no Reino Unido”, disse.
A Polícia Civil abriu uma investigação, mas informou que não divulgará detalhes para não prejudicar o andamento do caso. Uma das vítimas relatou ter perdido R$ 2.750: “Consegui sacar apenas uma vez. Depois disso, disseram que havia auditorias e problemas internos, mas nunca voltaram a pagar”.
A reportagem não conseguiu contato com a empresa R/West nem com a mulher que, segundo gerentes, seria a responsável pela plataforma. Ela estaria morando no Reino Unido.






