A Câmara Municipal de Pires do Rio aprovou, na terça-feira (4), a abertura de uma Comissão Processante para investigar o prefeito Hugo do Laticínio (União Brasil). A decisão ocorreu após o recebimento de uma denúncia apresentada pelo vereador Marquim da Megasom (PSD), que pede a cassação do mandato do chefe do Executivo.
A denúncia, protocolada em 30 de outubro, aponta que o prefeito não respondeu ao Requerimento de Informação nº 037/2025, aprovado por unanimidade pelos vereadores. O documento solicitava cópias de contratos, licitações e outros materiais referentes a empresas que prestam serviços à Prefeitura.
De acordo com o vereador autor, essa omissão viola o princípio da transparência pública e caracteriza infração político-administrativa, conforme o Decreto-Lei nº 201/1967, que trata da responsabilidade de prefeitos e vereadores.
Com o apoio da maioria dos parlamentares, a Câmara instaurou formalmente a Comissão Processante. Agora, o prefeito será notificado e terá direito à ampla defesa. O processo poderá resultar no arquivamento da denúncia, em responsabilização ou até na cassação do mandato, dependendo do andamento das apurações.
Prefeito reage com ataques e tenta descredibilizar a Câmara
Logo após a decisão, o prefeito Hugo do Laticínio gravou um vídeo ao lado do vice-prefeito Sandro Barbosa. Em tom de ataque, o gestor acusou vereadores de manobras políticas e tentou deslegitimar a atuação do Legislativo.
“O vereador que pediu a minha cassação nomeia, como procuradora da Câmara, É ex-secretário da ex-prefeita Cida Tomazini. Isso é um tabuleiro, a velha política tentando manobrar”, afirmou o prefeito.
Em seguida, Hugo alegou que já havia disponibilizado os documentos solicitados e afirmou que “não tem nada a esconder”. Apesar disso, evitou mencionar por que não respondeu oficialmente ao requerimento aprovado pela Câmara.
Além disso, o prefeito criticou vereadores que votaram pela abertura do processo e acusou alguns de corrupção, afirmando que “o povo” o colocou no cargo, e não “os vereadores”.
“Alguns se corrompem, mas o povo está conosco. Quem nos colocou aqui foi o povo, não esses vereadores”, declarou.
Reação do prefeito fere liturgia e compromete relação institucional
A postura do prefeito, ao reagir publicamente de forma agressiva, fere a liturgia do cargo e o respeito institucional entre os poderes. Em vez de adotar um tom de diálogo, o gestor optou pelo confronto direto, o que agrava o cenário político em Pires do Rio.
Enquanto o Legislativo cumpre sua função de fiscalização, o prefeito politiza a investigação e tenta transformar o processo administrativo em um embate pessoal. Essa postura, segundo analistas locais, demonstra despreparo institucional e desrespeito às normas democráticas que garantem a harmonia entre os poderes.
Câmara reafirma legalidade do processo
Por outro lado, a presidência da Câmara destacou que todo o procedimento segue dentro da legalidade e com transparência. O prefeito será notificado nos prazos previstos e poderá apresentar sua defesa.
Mesmo assim, o clima na cidade é de tensão, e a expectativa é de que o caso marque os próximos meses da política piresina.







