21 de junho de 2022

FRETE PODE FICAR ATÉ 7% MAIS CARO COM ALTA DO DIESEL

Foto: Reprodução

O reajuste de 14,26 no preço do óleo diesel, anunciado na última sexta-feira pela Petrobras, deve provocar uma onda de altas nos preços de vários produtos e impactar ainda mais a inflação. A estimativa da Federação Interestadual das empresas de Transporte de Cargas e Logística (Fenatac & Logística) é que o preço do frete suba até 7% no País. Como o custo do transporte tem um impacto de 3% a 5% nos preços das mercadorias, a expectativa é de produtos ainda mais caros no varejo. 

Os preços do diesel são mais salgados no interior. Em Porangatu, no Norte do Estado, ontem o litro do diesel S10 comum vaiava de R$ 7,60 a R$ 8,29. Em um posto do município de Rio Verde, na Região Sudoeste, o litro do combustível já estava sendo vendido ontem por até R$ 8,64. Já Goiânia, o diesel comum variava de R$ 6,58 a R$ 7,89, mas o S10 já podia ser encontrado por até R$ 8,39. 

Ontem, os preços mudaram muito ao longo do dia no aplicativo EON, da Secretaria da Economia, que mostra os valores praticados em tempo real. O óleo diesel também já está custando mais que a gasolina na maioria dos postos do interior e da capital. Em Rio Verde, no mesmo posto que vendia o diesel por até R$ 8,64, o litro da gasolina custava R$ 7,29. Em Goiânia, também era possível encontrar gasolina por R$ 7,19 e diesel por R$ 7,89 no mesmo estabelecimento. Para se ter uma ideia, considerando o maior valor cobrado, para encher  o tanque de um caminhão com capacidade para 500 litros será preciso desembolsar R$ 4.320. 

“Este aumento impactou muito o custo das empresas de transporte e não há como evitar o repasse”, diz o presidente da Fenatac, Paulo Afonso Lustosa. Segundo ele, a estimativa é que o custo do frete suba entre 5% e 7% nas transportadoras. Porém, este impacto deve chegar aos preços de todos os produtos para o consumidor, já que o frete responde por até 5% custo. 

O reajuste será maior nas empreas de transporte que trabalham com carga de lotação e percorrem distâncias maiores e um pouco menos para empresas que levam cargas fracionadas em trechos menores. Para Paulo Afonso, a situação atual preocupa. “Há um inconformismo entre população e o setor empresarial, o que gera instabilidade para o governo, pois o processo eleitoral ainda está muito polarizado”, avalia. 

Em nota, a Assoaciação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) lembrou que o setor também tem arcado com reajustes consideráveis nos preços de peças para os caminhões e aumentos de salários dos trabalhadores do transporte nas convenções coletivas. Porém, em um ano, o preço médio do litro do diesel nos postos de combustíveis aumentou  cerca de 57%, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o piso do frete de carga geral no Brasil teve um reajuste de 29,7%. 

Menos caminhões 

Para o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Goiás (Sinditac Goiás), Vantuir José Rodrigues, toda a população está sendo sacrificada, e não apenas os transportadores de cargas. Ele prevê que este forte reajuste do diesel provoque uma queda ainda maior do número de caminhoneiros rodando nas estradas, pois muitos não estão mais conseguindo equilibrar ganhos e custos, pois o poder de compra caiu mais. 

“Os autônomos respondem por 68% do transporte no País e o número de profissionais é cada vez menor. O resultado disso será uma pressão ainda maior sobre o custo frete, que ficará mais difícil de encontrar, podendo até causar desabastecimento de produtos vindos de outros estados”, alerta Vantuir. 

O professor de Economian da PUC Goiás, Wagno Pereira da Costa, concorda que esta pressão de custos sobre os caminhoneiros autônomos deve se refletir na oferta e nos preços do transporte de mercadorias. Segundo ele, a predominância do modelo de transporte rodoviário no País interfere diretamente nos preços dos produtos, que devem ficar mais caros, reduzindo ainda o poder de compra da população. 

Mas as empresas também acabam muito impactadas, pois não conseguem fazer todos os repasses, sob o risco de perderem competitividade, diante da forte concorrência do mercado e de um consumidor com poder de compra cada vez mais achatado. “Todos foram pegos de surpresa por este forte aumento do diesel e da gasolina, pois a expectativa era de baixa por causa da aprovação da queda no ICMS dos combustíveis. Nas empresas, o estrago já está feito e será preciso reduzir margens”, alerta o economista.


Nos postos 

De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado (Sindiposto), algumas distribuidoras reajustaram o diesel por um índice até superior ao aununciado pela Petrobras. Em uma delas, o litro do combustível passou de R$ 6,16 no último dia 16 de junho para R$ 7,15 ontem, uma alta de 16%. Já a gasolina subiu, em média, R$ 0,20 no atacado. 

O presidente do Sindiposto, Márcio Andrade, lembra que o diesel sempre foi mais caro que a gasolina nas refinarias, mas o ICMS menor (de 16%, contra 30% da gasolina em Goiás) deixava o preço mais baixo na bomba, o que não acontece mais após este reajuste. Márcio acredita que preços acima dos R$ 8 sejam casos isolados no mercado e muitos acamaba recuando por causa da concorrência. 

Com a gasoloina em alta, a tendência é de aumento na venda de etanal, que ficou ainda mais competitivo nas bombas após este último aumento. “Estávamos num processo de recuperação das vendas, o que deve frear agora. A esperança é que uma migração para o etanol compense isso”, diz Márcio. 

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Publicado por: Badiinho Moisés/Escrito por: Lúcia Monteiro – O Popular