8 de julho de 2013

Entrevista: Carlos Albino Presidente do Simecat

O Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (Simecat) Nasceu em 2000 pelas mãos do trabalhador metalúrgico Carlos Albino Rezende. Em 2004, ele foi eleito para o cargo de presidente e, em 2008 e 2012 foi reeleito devido a uma vida de dedicação e esforço. Hoje, além de ser o presidente do Simecat, Albino é diretor da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, onde é coordenador de Redes Sindicais. O presidente do Simecat também faz parte da Direção Nacional da Força Sindical e é conselheiro estadual do Senai. Em entrevista ao Blog do Badiinho e Jornal E+ Notícias e Classificados, Carlos Albino contou um pouco de sua história e as conquista do Simecat.

DSCF8614Carlos Albino Trabalhou como vendedor em algumas empresas da cidade, fiz um cursos no Senai e assim ingressou na indústria

Conte um pouco de você para que nossos leitores conheçam um pouco sobre quem é Carlos Albino.

Sou catalano, porem até meus 13 anos de idade morei em Crixás, cidade do interior de Goiás. Retornei a Catalão e trabalhei até os meus 19 anos de idade como garçom no conhecido Boteco do Joaquim, que fica em frente à Praça da Velha Matriz. Trabalhei como vendedor em algumas empresas da cidade, fiz um cursos no Senai e assim ingressei na indústria. Já na Mitsubishi, onde trabalhei por mais de seis anos como lavador e montador, na área de produção, ou seja, no chão de fabrica.

Como surgiu o Simecat?

Quando eu entrei na empresa  MITSUBISHI, era um local familiar e menor, bom de trabalhar. A partir do crescimento da empresa, o trabalhador começou a ser perseguido, mau tratado, a não ter direito de reclamar de nada. Para a direção, o trabalhador não podia ter tempo para nada e tudo era tinha que ser da forma como eles queriam. Começou também a se discutir algumas questões sobre banco de horas. Aumento de salário era somente o equivalente à inflação. Eu sempre busquei a liderança, desde que participei dos grêmios estudantis em Catalão, do qual foi presidente estadual. Sempre fui uma pessoa ativista nas minhas lutas e na empresa que eu trabalhava não era diferente. Fui líder da linha, organizava desde festinhas à organização do trabalho. Quando vejo alguma coisa errada, eu começo a cobrar a falar e ir atrás da solução para aquilo que está acontecendo. Na empresa, se não tivéssemos alcançado a meta de trabalho até as 17h, não podíamos ir embora para casa. Vi muitos pais de famílias chorarem na porta da empresa porque tinham que buscar um filho na escola e não podia ir embora. Eles nem sequer reclamavam, porque o primeiro que reclamasse era demitido da empresa. Foi esse lado obscuro que vez com que surgisse o Simecat.

Como foi o primeiro contato com o Sindicato dos Metalúrgicos?

Fui atrás do sindicato para procurar os nossos direitos. Num mês em que eu saí de férias, fui a Goiânia e chegando lá me deparei com pessoas que não tem respeito nenhum pelo trabalhador. Quem nos representava era a federação e assim mesmo o cara que estava lá me enganou por mais de um ano e meio. Ele dizia que tentaria fazer algo para os trabalhadores e cheguei a descobrir que ele fazia reunião com a mesma empresa que eu trabalhava as escondidas, na calada da noite. As informações que eu passava ele eram usadas contra os trabalhadores. Foi então que tivemos o apoio de pessoas de fora. Tivemos diversas dificuldades, erramos algumas coisas no começo até por não conhecermos muito bem como funcionava tudo num sindicato. Chegamos a realizar algumas mobilizações no desespero, onde houve inclusive demissões. Depois disso, obtivemos muitas conquistas. Realizamos greves onde buscamos fazer de tudo e mais um pouco para o trabalhador. Eu já escutei que nosso sindicato é um dos melhores do Brasil e não tenho nenhuma dúvida quanto a isso pelo trabalho, pela garra da diretoria, pelo esforço que cada um faz. Hoje, dentro do Simecat, somos uma família. Tratamos todo mundo com igualdade, mas, na hora que temos que disputar e lutar, partimos para a luta. Por conta disso, nosso trabalho se estendeu nacional e até internacionalmente. Recentemente, tivemos a visita de sindicalistas americanos que me convidaram para ir aos Estados Unidos. Confesso que fiquei lisonjeado. Estive lá, acompanhei a luta e já tive a oportunidade de viajar por outros países pela rede sindicais.

DSCF8611O Simecat é um gigante em Goiás

O que o senhor tem a dizer do Simecat hoje?

Eu tenho aprendido muito ao longo desses anos, inclusive com sindicatos de outros estados, como o Sindicatos dos Metalúrgicos de São Paulo, o Sindicato de Curitiba, Guarulhos, Osasco, que são os maiores do Brasil. Trabalhamos sempre em conjunto. Hoje, o Simecat é um gigante em Goiás. Fico muito horando em fazer parte disso. Outra coisa que me deixa extremamente satisfeito é ter sido escolhido como representante do Conselho Regional do Estado de Goiás do Senai.  

Quais são as principais conquistas do Conselho Regional do Estado de Goiás para o trabalhador de Catalão?

Conseguimos trazer vários benefícios, como a reformulação da escola de solda. Uma de nossas vitorias é a academia que veio para o SESI. Além disso, temos o Caminhão da Solda, que está lá no Senai e custou R$ 1,6 milhão.

Quais as campanhas do Simecat no momento? O que está para ser conquistado?

O sindicato se mobiliza a todo instante. A Força Sindical no estado de Goiás é a que mais cresceu no Brasil. De algum tempo para cá, temos aglomerado sindicatos. Aqui em Catalão, realizamos conquistas importantes este ano, como dividir a PLR da MMC em partes iguais, onde 75 % já era divido em partes iguais. Para nós foi uma conquista muito grande que elevou a media do PLR que, se correr como o esperado, será de algo em torno de R$ 8 mil. Consideramos está conquista como uma das maiores do país. Já na John Deere, conseguimos subir o PLR em 230% o PLR. Além disso, temos hoje mais de 2,1 mil associados. Realizamos também a festa do dia 1º de maio, que foi uma das bonitas que já realizamos. No sábado passado, realizamos uma linda festa junina. Então, o sindicato não para. O pessoal está na rua e eu estou na rua há nove anos. Te falo em primeira mão: dia 11 Catalão e o Brasil vão parar. Não posso te adiantar nada mais, mas será uma data que ficará nas mentes de todos os brasileiros.

DSCF8607Agradeço a todos pela confiança

Qual a sua mensagem ao trabalhador metalúrgico de Catalão?

Eu quero agradecer em nome de toda a diretoria o apoio e a confiança que a sociedade e os trabalhadores tem depositado em nós. O Simecat encontra as portas abertas em todo lugar que vai. É um sindicato que faz as coisas com consciência. Trabalhamos muito e não teríamos chegado lá se o trabalhador não nós apoiasse e não confiasse em nós. Juntos podemos mais.