17 de fevereiro de 2022

Entenda por que está chovendo mais nesse verão

Foto: Pixbay/ Reprodução

A ocorrência de chuvas acima da média em quase todo o Brasil neste verão já estava sendo esperada pelos meteorologistas após o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) alertarem para esse cenário ainda em dezembro do ano passado. Essas são informações publicadas no portal R7.

Ao longo dos últimos quase dois meses, chuvas torrenciais foram registradas no sul de Minas Gerais, no interior de São Paulo e no Rio de Janeiro, que teve a tragédia na cidade de Petrópolis como o episódio mais recente. As consequências foram alagamentos em vias urbanas, deslizamentos, prejuízos para comerciantes e moradores e muitas mortes.

O verão é a estação com as mais altas temperaturas do ano e também o período em que mais chove. Nessa época o ar fica mais quente e com maior capacidade para armazenar a umidade. No entanto, segundo o professor e pesquisador do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Wilson Roseghini, alguns fatores estão atuando em conjunto para a maior ocorrência de chuvas pelo Brasil.

Roseghini explica que existe uma zona de convergência — ou seja, uma região onde duas ou mais correntes de ar se encontram e interagem — chamada ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), que é de umidade e frentes frias.

A ZCAS se estende desde o sul da região amazônica até a região central do Atântico Sul, influenciando no tempo. No verão, segundo o professor, essa zona de convergência, ou faixa de nebulosidade, não consegue avançar muito pelo país e estaciona na região Sudeste, provocando chuvas.

“A ZCAS se forma quando uma frente fria está avançando pelo país — e isso acontece o ano inteiro, até mesmo no verão. Mas, como estamos na estação mais quente do ano, essas massas de ar polares são barradas e estacionam, geralmente na região Sudeste. E, quando isso acontece, sobretudo por cerca de três dias ou mais, essa massa de ar polar vira umidade e favorece a ocorrência de chuvas”, afirma.

El Niña

Outro fator que também está influenciando na maior incidência de chuvas pelo país, de acordo com o professor, é o fenômeno conhecido como La Niña, que consiste no resfriamento das águas do oceano Pacífico, que banha a costa oeste da América so Sul.

Em um primeiro momento, esse fenômeno favoreceu um posicionamento mais ao norte da ZCAS. Não por acaso, nos últimos dias de dezembro do ano passado, diversas regiões na Bahia e de Minas Gerais foram afetadas por chuvas torrenciais. Com o passar do tempo, no entanto, a La Niña foi se enfraquecendo, e suas consequências foram se alastrando pela região Sudeste do Brasil.

Vale ressaltar ainda que a La Niña também influencia outra zona de convergência chamada Intertropical (ZCIT), que, diferentemente da ZCAS, não é um sistema meteorológico regional, mas sim global. Trata-se de uma faixa de nebulosidade que circunda o planeta e oscila de acordo com as estações do ano.

A ZCIT transfere calor e umidade dos oceanos dos níveis inferiores da atmosfera das regiões tropicais para os níveis superiores da toposfera e para as médias e altas latitudes, ou seja, mais distantes da linha do Equador, favorecendo, dessa forma, a ocorrência de chuvas.

“No inverno, essa faixa de nebulosidade vai para o Hemisfério Norte — por isso é que lá é verão nesta época do ano. Já no nosso verão, esse sistema é empurrado para o Sul e vem ‘descendo’ até fevereiro ou março. Por esse motivo também é que as chuvas torrenciais começaram a ocorrer no Norte e no Nordeste do país e foram ‘descendo’ até a região Sudeste”, diz.

Publicado por: Badiinho Moisés