15 de maio de 2017

EDUCAÇÃO: Instituto Federal em risco

Escrito por: Gabriel de Melo Neto

Foto: Reprodução 

Fala-se muito sobre Educação como prioridade para melhorias na sociedade. Não há relatos de candidatos aos diferentes cargos eleitorais contrários a investimentos em educação, no discurso ela sempre é prioridade. No entanto, a prática é bem outra, a realidade das escolas brasileiras retratam um quadro de precariedade na infraestrutura, superlotação de salas, desvalorização profissional, entre outros graves problemas.

Mas em meio ao triste cenário da educação brasileira, nos últimos anos tem se destacado os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, gradativamente alcançam reconhecimento social por propiciarem acesso à educação pública de qualidade. Nos últimos exames do ENEM foram as escolas públicas com as melhores medias do país. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), os IFs são as melhores escolas brasileiras, desbancando as instituições de ensino municipais, estaduais e particulares nos quesitos matemática, leitura e ciências, nesse último está à frente da Coreia do Sul, país conhecido pelos altos investimentos em educação e elevada qualidade das escolas públicas.

Os Institutos Federais foram instituídos a partir da reorganização de escolas técnicas federais em 2008, constituindo uma rede composta inicialmente por 160 unidades, hoje são 644 espalhadas por 568 municípios em todos os estados brasileiros. A maior parte dos campi contam com infraestrutura adequada ou em fase de implantação, a proposta pedagógica é centrada no tripé indissociável Ensino-Pesquisa-Extensão, com cursos ofertados de forma verticalizada do ensino médio à pós-graduação. O quadro de servidores é formado por profissionais contratados através de concurso público – muitos são mestres e doutores – com salários e plano de carreira similar as universidades federais.

Estas instituições configuram uma significativa retomada de investimentos em educação tecnológica e profissional, anteriormente suspensa por FHC que havia vetado a criação de novas escolas técnicas federais no país ao implementar políticas neoliberais durante sua gestão, marcada por privatizações, redução de investimentos em serviços públicos e cortes de direitos sociais e trabalhistas. Neoliberalismo retomado com vigor pelo atual governo que coloca em risco importantes avanços no acesso à educação pública, gratuita e de qualidade, como comprovadamente são os Institutos Federais.

Gabriel de Melo Neto é Geógrafo e Mestre em Geografia pela UFG/Catalão, Doutorando em Geografia pela UFU, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IF Goiano).

O artigo de opinião foi publicado no “Jornal O Popular” na edição impressa de 14/05/2017. Disponível em: http://www.opopular.com.br/editorias/opiniao/opini%C3%A3o-1.146392/instituto-federal-em-risco-1.1275443