29 de dezembro de 2014

CENA POLÍTICA NA VISÃO DE FABIANA PULCINELI: A cara da nova equipe

Escrito por: Fabiana Pulcineli – Jornal O popular 

Fabiana Pulcineli
“Jornalista e colunista do Jornal O popular, Fabiana Pulcineli” Foto: Reprodução/O popular

Se de um lado as mudanças na estrutura do governo de Goiás, com a reforma administrativa, foram ousadas e surpreenderam pelo impacto na gestão, de outro, a formação da equipe que auxiliará o governador Marconi Perillo (PSDB) no quarto mandato não trouxe grandes surpresas e teve mais peso político do que técnico até aqui.

Pelos nomes já anunciados e principais cotados, nota-se que os critérios de escolha tiveram mais a ver com a lealdade ao governador, a participação na campanha eleitoral e as perspectivas de contribuições ao tucano tanto em seu projeto para 2018 como no fortalecimento da base até lá.

Embora com menos amarras para definir o quadro de auxiliares e mais determinado a fazer as escolhas sozinho, Marconi anunciou nomes que não são novos na gestão, tidos como aliados de primeira hora e que ganharam destaque na defesa do projeto governista e na proximidade com o tucano.

A exceção até aqui é a nova secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão Costa, economista e com extenso currículo na área. Mas mesmo que Marconi tente desvencilhar essa escolha de qualquer indicação política, a nomeação não deixa de contemplar a senadora Lúcia Vânia (PSDB), que, num histórico de altos e baixos na relação com o governador, se reconciliou com o tucano e ganhou força na campanha.

O primeiro anúncio foi do vice-governador José Eliton (PP) na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação. Advogado da área eleitoral, Eliton não tem conhecimento técnico nem experiência nas áreas da superpasta – resultado da fusão de três secretarias e uma agência. Mas foi um dos nomes de destaque da campanha, conquistou a confiança da base e prepara-se para a sucessão de Marconi em 2018.

Também trilhando caminho para candidatura – no caso, em Goiânia, em 2016 – o presidente da Agência de Transportes e Obrigas (Agetop), Jayme Rincón (PSDB), permanece na pasta, que foi um dos grandes destaques do mandato que se encerra.

Para a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos vai Vilmar Rocha (PSD), fiel aliado de muitos anos e que conseguiu mais de um milhão de votos ao disputar o Senado. Professor universitário e ex-secretário da Casa Civil, o pessedista pouco entende dos setores de sua pasta, embora tenha diplomacia e capacidade de diálogo que são importantes para a área.

Para a Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, Marconi conseguiu renomear Raquel Teixeira, ex-deputada federal pelo PSDB, que comandou a pasta no primeiro governo tucano. Raquel é um perfil técnico, mas que tem peso político grande, tanto pela experiência como deputada como também no esforço de restabelecer o diálogo com os professores e garantir conquistas com uma visão de educação pública diferente da do antecessor.

Ex-Seduc, Thiago Peixoto (PSD) deve ir para a Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) e Leonardo Vilela (PSDB), hoje da Segplan, está cotado para a Saúde. Ambos acumulam demonstrações de fidelidade ao governador. Thiago saiu do PMDB, aderiu ao governo em 2011 e conseguiu destaque com melhoria dos índices do Ideb no ensino médio. Leonardo, embora tenha tido uma atuação bem discreta nos últimos anos, tem um histórico de proximidade com o tucano e a sua confiança.

Como parte dos subsecretários deve ser composta por ex-titulares das pastas extintas e que também eram em sua maioria indicação política, não haverá grande peso técnico na equipe pelo que se sabe até agora.

O PTB do deputado Jovair Arantes – sempre o partido que mais cobra espaços publicamente – acabou ganhando convites para duas secretarias, de Governo e uma Extraordinária, para deputados estaduais, o que agrada o partido e abre vagas para suplentes.

O retrato da equipe mostra a predominância da escolha política. Não necessariamente no aspecto de loteamento partidário, mas de peças de peso político e de extrema confiança do tucano para o seu projeto para o futuro.

JÁ É DE GOIÁS?

2014 termina sem a inauguração de obras que foram promessas da campanha de 2010 e que viraram propaganda no horário eleitoral gratuito de Marconi deste ano. Propagadas como praticamente prontas e a serem inauguradas ainda neste mandato, os projetos não só não tiveram seus cronogramas cumpridos como, em alguns casos, registraram aumento de preços.

Hugo 2, Centro de Excelência do Esporte, Credeqs, Barragem do João Leite, Centro de Convenções de Anápolis, aeroporto de cargas foram promessas de campanha, brilharam na propaganda eleitoral, mas ainda não foram entregues à população. Algumas sequer têm data para conclusão.

O ano que seria da segurança pública também teve mais notícias negativas do que positivas.

Que o novo mandato tucano seja mais realista, de menos frases feitas, menos propaganda e mais resultados concretos para a população.

No mais um belo 2015 a todos.