25 de janeiro de 2018

CASO HIDROGEL: casal acusado de morte de mulher após aplicação para aumentar o bumbum vai a júri popular em Goiânia

Maria José Brandão morreu após fazer aplicação para aumentar o bumbum, em Goiânia (Foto: Aracylleny Santos/ Arquivo Pessoal)

O casal Raquel Policena Rosa e o marido, Fábio Justiniano Ribeiro, vão ser julgados pelo júri popular pela morte da ajudante de leilão Maria José Brandão, de 39 anos, depois de fazer aplicações para aumentar o bumbum, em Goiânia. De acordo com o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, os dois assumiram o risco de provocar a morte da cliente, já que não tinham as habilidades necessárias para fazer o procedimento. A defesa informou que vai recorrer.

Maria José morreu em 25 de outubro de 2014, menos de um dia depois de fazer a segunda aplicação no bumbum de um produto, ainda não identificado, em uma clínica estética da capital com Raquel. Após se sentir mal, ela foi internada no Hospital Jardim América, mas não resistiu e morreu.

Na pronúncia, Jesseir Coelho defende que o crime ficou comprovado por meio do laude de exame cadavérico, que aponta “óbito por insuficiência respiratória aguda por embolização pulmonar por meio de ação biomecânico por aplicação de preenchedor subcutâneo”.

Segundo os médicos legistas, foi encontrado material não orgânico nos vasos pulmonares e no tecido pulmonar compatível com o preenchedor cutâneo. Além disso, disso, houve um processo inflamatório local relacionado com o mesmo. Isso causou insuficiência respiratória na vítima.

A ajudante de leilão passou por duas aplicações para aumentar o bumbum. A primeira aconteceu em um quarto de hotel e a segunda, para correção de falhas, em uma clínica estética. Após o procedimento, Maria José começou a passar mal e até relatou, em áudios, os sintomas para Raquel, que ignorou a gravidade do problema.

Nem Raquel e nem o marido têm cursos superiores na área da saúde. Raquel, em depoimento, afirmou que fez apenas um curso de bioplastia no interior de São Paulo. O juiz, na decisão de pronúncia, afirma que isso foi um dos fatores que aponta a indiferença de Raquel e Fábio com a possibilidade da morte da cliente. “Tinham ciência de que se tratava de procedimento estético invasivo, com capacidade para provocar abalos à saúde da paciente, pois deveria ser feito somente com amparo médico”.

Além disso, o magistrado pontuou que “os denunciados assumiram o risco de produzir o resultado morte, e tanto é, que insistiram em sua conduta ao realizar pela segunda vez a aplicação do hidrogel para ‘correção’”.

O advogado Ricardo Naves, que defende o casal, informou que respeita a decisão do juiz, mas vai recorrer. Ele sustenta que não há materialidade do crime e que seus clientes não tiveram intenção de matar ninguém.

“O ponto nuclear da defesa é que não há materialidade. Não temos nem a causa da morte, então não dá para atribuir ela a outra pessoa ainda. Sobre o dolo eventual, a Raquel não teve vontade de matar ninguém ou previu que isso provocaria a morte”, disse.

Sobre Fábio, o advogado explicou que ele não teve qualquer participação nos procedimentos. Assim, não deveria também ser mandado a júri popular.

Em depoimento ao juiz, Raquel afirmou que se sentia parcialmente culpada no caso. ““Em parte são verdadeiras, porque eu fiz a aplicação. Mas em parte não, porque eu não sei se foi isso que causou a morte dela”, disse.

Clientes de Raquel contam que ficaram com sequelas após o procedimento. Algumas sentem dores anos após as aplicações. Uma delas, que não quis ter a identidade divulgada, disse que perdeu o emprego e ainda toma remédios para as dores que sente nas nádegas.

Tive febre, muitas dores e fiquei 4 dias internada. Até hoje eu sinto dor em um dos lados, não consigo sentar direito. Minha vida acabou. Hoje, eu só quero esquecer tudo isso. Já sofri demais”, disse.

Escrito por: Redação/Fonte: Portal G1

Foto: Reprodução