2 de fevereiro de 2016

Anglo American coloca unidades goianas à venda

Escrito por: Karina Ribeiro/O Popular 

Foto: Wildes Barbosa

Com preço das commodities em baixa, mineradora se prepara para possível saída do Brasil.

image
Muito investimento para pouco lucro: unidade de Barro Alto é vista como elefante branco”

As quatro unidades mineradoras da Anglo American localizadas em Goiás – instaladas em Catalão, Ouvidor, Niquelândia e Barro Alto – integram o pacote de venda de ativos para injetar recursos no caixa da multinacional numa possível “debandada” do País. Segundo analistas, é alto o nível de preocupação com os desdobramentos principalmente em Barro Alto. Com alta aplicação de recursos e consistente declínio do preço da tonelada do níquel no mercado internacional, é possível que, hoje, não haja players interessados pela compra.

Embora tenha assumido o compromisso de anunciar os planos de negócios para seu portfólio somente no próximo dia 16, a Anglo American encaminhou, há cerca de 20 dias, ofício para o Sindicato das Indústrias Extrativista do Estado de Goiás (Sieeg-GO) informando a venda desses ativos.

Barro Alto

O Projeto de Barro Alto é visto como uma espécie de elefante branco pelo mercado internacional. Com investimentos de US$ 2 bilhões, a unidade começou a operar em 2011. Entre outubro de 2014 e o último trimestre de 2015, recebeu investimentos para a reforma de dois fornos. A reforma programada, todavia, levou a unidade, segundo a própria empresa, a produzir 35% a menos no ano passado – 10,5 mil toneladas só no último trimestre.
De quebra, segundo especialistas, a unidade vem operando no vermelho por conta das contínuas baixas do preço do níquel no mercado internacional. A tonelada da commodity caiu de US$ 15,9 mil, em dezembro de 2014, para US$ 8,7 mil em dezembro de 2015. “Hoje, com esse cenário, é possível que ela não consiga encontrar um player em todo o mundo interessada em adquirir a unidade”, afirma o presidente do Sieeg-GO, Domingos Sávio Gomes de Oliveira. Se isso ocorrer, diz, a tendência é que a empresa opere de forma enxuta tanto no quadro de funcionários quanto na parte operacional. Atualmente, o Projeto Barro Alto emprega 900 pessoas diretamente e outras 2,5 mil indiretas. Em Niquelândia, a Codenim, em atividade desde 1982, emprega 450 pessoas.

A melhor das hipóteses seria a venda. Com isso, haveria uma possível redução do quadro de funcionários e uma natural dança das cadeiras, sobretudo, dos setores de gestão. Um especialista, que pediu para não ser identificado, confirma o cenário de dificuldade de venda da unidade de Barro Alto, mas lembra que ainda há empresas bem situadas hoje no mercado.
“Esse é o pior momento para comercialização, mas a Rio Tinto, por exemplo, está bem no mercado. Há investidores tirando dinheiro da China e podem investir, além dos árabes da Mubadala (Development Company), que procuram diversificar fundos”, diz. Embora a Vale apareça como uma possível compradora, ele acredita que os boatos não vigoram. “Ela também está com problema de caixa”, afirma.

Catalão e Ouvidor
 

Na outra ponta, estão as unidades instaladas em Catalão e Ouvidor, consideradas as meninas dos olhos da Anglo American no País. Produtoras de nióbio (utilizado na produção de ligas metálicas) e fósforo (fertilizantes) operam com aumento de produção, no azul, e com forte demanda. A multinacional registrou aumento de 23% na produção de nióbio no quarto trimestre do ano passado e 6% na de fósforo. “Aquela região não deve parar, inclusive, existe mais projeto para o fosfato”, afirma o especialista.