O presidente do Sindicato Metabase de Catalão, Diego Hilário, reagiu de forma contundente à proposta apresentada pela mineradora CMOC durante as negociações da campanha salarial deste ano. De acordo com ele, a empresa tenta retirar direitos históricos dos trabalhadores, propondo mudanças na jornada de trabalho e cortes de benefícios. O sindicalista classificou a proposta como “indecente e inaceitável”.
Empresa quer alterar jornada e cortar benefícios
Segundo Hilário, a CMOC apresentou uma proposta que prevê a substituição do regime de trabalho de quatro dias por quatro de folga pelo modelo seis por um. Além disso, a empresa quer eliminar o prêmio de turno de 13% e retirar o vale-lanche diário de R$ 20.
“Essa alteração representa uma redução de aproximadamente 13% no salário e de R$ 250 a R$ 300 a menos por mês no cartão alimentação de cada trabalhador. Quando somamos o impacto geral, estamos falando de quase R$ 1 milhão a menos por mês na economia de Catalão”, explicou Hilário.
Sindicato define prazo e ameaça mobilização
Diante disso, o Metabase estabeleceu um prazo de uma semana para que a CMOC apresente uma nova proposta. Caso a empresa não recorra, o sindicato promete mobilizar toda a categoria.
“Se a CMOC insistir nessa indecência, vamos fazer o que sempre fizemos: unir os trabalhadores, mobilizar e lutar até garantir nossos direitos”, afirmou o presidente.
Justificativas da empresa são contestadas
Por outro lado, a CMOC justificou as mudanças alegando dificuldades no mercado de fertilizantes e o fato de ter uma política de remuneração acima da média. Entretanto, Hilário rebateu os argumentos.
“O agro está aquecido, os fertilizantes continuam sendo consumidos e a empresa segue lucrando. Portanto, esse discurso não se sustenta. Na verdade, o que a empresa quer é aumentar o lucro às custas do trabalhador, e isso nós não vamos permitir”, enfatizou.
Negociações envolvem toda a CMOC e também a Mosaic
Além disso, o dirigente sindical destacou que as negociações abrangem todos os trabalhadores da CMOC, tanto os do nióbio quanto os do fosfato, e não apenas uma linha de produção.
Segundo ele, a Mosaic, outra mineradora instalada em Catalão, também será cobrada a manter os direitos trabalhistas.
“Já marcamos uma reunião com a Mosaic para a próxima semana. Assim que ela ocorrer, faremos assembleia com os trabalhadores. De forma alguma aceitaremos retrocessos em nenhuma empresa do setor mineral”, declarou.
Redução afetaria toda a economia local
Por fim, Hilário lembrou que a eventual redução salarial não prejudicaria apenas os empregados da CMOC, mas também afetaria o comércio e os serviços de Catalão.
“Quando um trabalhador perde poder de compra, toda a cidade sente o impacto. São milhões de reais que deixariam de circular no comércio, na saúde e em outros setores. Essa é uma luta que interessa não só aos trabalhadores, mas a toda a sociedade catalana”, concluiu.
